A crise política e humanitária no Sudão do Sul atingiu níveis alarmantes, conforme alerta feito nesta segunda-feira pela Comissão das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos no país. Confrontos armados em larga escala têm resultado em deslocamentos em massa e severas violações de direitos humanos, acentuando ainda mais a instabilidade na região.
Após uma década de esforços da União Africana e parceiros regionais para sustentar o processo de paz, o Sudão do Sul enfrenta um colapso político que ameaça reverter o país a uma guerra total. Durante uma missão à sede da União Africana em Addis Abeba, a Comissão denunciou um “vácuo de justiça e responsabilização”, que alimenta a corrupção e a estagnação política.
O relatório intitulado “Saques a uma Nação” detalha como a apropriação sistemática de recursos públicos por elites governamentais tem privado milhões de sul-sudaneses de seus direitos básicos. O comissário Barney Afako alertou que a falta de liderança e consenso, juntamente com a corrupção, são evidentes e fundamentais para o agravamento da crise.
Mais de uma década após o início do conflito, as vítimas ainda aguardam por ações efetivas de justiça e reparação. A comissão reiterou a urgência de estabelecer mecanismos de justiça, incluindo o Tribunal Híbrido para o Sudão do Sul, que segue em impasse, desafiando as resoluções do Conselho de Paz e Segurança da UA. Yasmin Sooka, presidente da Comissão, enfatizou que a justiça é essencial para a coesão social e o fortalecimento do Estado de direito.
Medidas de deslocamento humano aumentam, com cerca de 300 mil pessoas fugindo para países vizinhos desde o início de 2025. Cidades como Al Fasher enfrentam crises severas, onde crianças se tornaram as principais vítimas de violência e desigualdade. O UNICEF alertou para a gravidade das violações e pediu por um cessar-fogo imediato, além de acesso humanitário seguro.
Com reuniões programadas entre o Conselho de Paz e Segurança da UA e o Conselho de Segurança da ONU em Addis Abeba, a Comissão apelou para uma ação coordinada e decisiva, colocando a justiça no centro das discussões. O futuro do Sudão do Sul depende de escolhas responsáveis de seus líderes e do comprometimento da comunidade internacional para evitar um novo caos e promover um caminho sustentável para a paz.
Origem: Nações Unidas
			
                                



							

