Na terça-feira, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir o futuro das operações de paz, em um contexto alarmante: com 61 conflitos ativos ao redor do mundo, o número mais alto desde 1946. As discussões fazem parte do processo de revisão do “Pacto para o Futuro”, que já recebeu propostas de mais de 60 governos e organizações da sociedade civil ao longo do último ano.
Atualmente, mais de 60 mil profissionais de 115 países estão em serviço em 11 missões de paz da ONU, que envolvem forças militares, policiais e civis. O subsecretário-geral para Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix, destacou a importância dessas missões, afirmando que elas são essenciais para a proteção de milhões de pessoas que esperam por um futuro seguro. Lacroix enfatizou a necessidade de missões flexíveis, fundamentadas em estratégias políticas eficazes e na utilização de tecnologias digitais e inteligência artificial para melhor avaliar dados e aferir resultados.
O subsecretário também reiterou que as operações de paz devem não apenas proteger civis, mas também promover responsabilização governamental, reforçar os direitos humanos e combater a exploração e o abuso sexual, em conformidade com a política de tolerância zero do secretário-geral António Guterres. Lacroix trouxe à tona a questão das condições políticas necessárias para a retirada das missões, propondo um apoio contínuo e unificado do Conselho de Segurança.
Durante a reunião, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, alertou sobre a crescente complexidade dos conflitos, caracterizados por uma maior internacionalização e a presença de grupos armados não estatais que utilizam táticas terroristas. DiCarlo destacou três prioridades para futuras operações: estabelecer objetivos mais limitados, melhorar a coordenação com equipes da ONU nos países afetados e evitar abordagens universais, adaptando as estratégias às especificidades locais de cada região.
A reunião terminou com o apelo de DiCarlo para que o foco político seja recuperado, voltando-se a priorizar as origens de cada conflito e buscando respostas multilaterais para os desafios apresentados.
Origem: Nações Unidas