Começa nesta segunda-feira, em Sevilha, na Espanha, a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, com a expectativa de que pelo menos 70 chefes de Estado e governo participem do evento. A conferência contará com mais de 300 reuniões paralelas, abordando questões cruciais relacionadas ao financiamento de iniciativas globais.
As Nações Unidas destacaram a urgência da situação, com um déficit estimado de US$ 4 trilhões para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esse déficit representa um risco significativo para a erradicação da pobreza, a mitigação das mudanças climáticas, a fome, a desigualdade e a proteção ambiental. Considerada uma “oportunidade de toda uma década”, a reunião tem o objetivo de reestruturar o sistema de financiamento em linha com a Agenda 2030.
Mariangela Parra Lancourt, da Divisão de Engajamento Estratégico da ONU, ressaltou a importância do investimento em áreas como educação, saneamento e recuperação de desastres, apresentando números que mostram o retorno econômico desses investimentos. Para cada dólar investido em educação de meninas, há um retorno de US$ 3; em água e saneamento, os benefícios podem ser quatro vezes maior.
Os países precisam revisar sua arquitetura financeira internacional para viabilizar o desenvolvimento, envolvendo aspectos como impostos e políticas de comércio. Nesse contexto, bancos multilaterais de desenvolvimento oferecem suporte técnico e financeiro, enquanto a Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA) cria canais diretos de apoio a nações em desenvolvimento.
A crescente falta de financiamento, no entanto, coloca milhões em risco, com projeções indicando que mais de 600 milhões de pessoas poderão ser empurradas para a pobreza extrema até 2030, adiando a realização dos ODS até 2050. O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou a necessidade de “grandes ideias” e “reformas ambiciosas” para que o mundo retome a trajetória de erradicação da pobreza.
Em Nova Iorque, os membros da ONU aprovaram recentemente o “Compromisso de Sevilha”, um pacote de reformas para abordar o déficit de US$ 4 trilhões, embora a retirada dos Estados Unidos do acordo tenha levantado preocupações sobre a soberania dos Estados e os interesses fiscais.
Com a crescente dívida pública e a diminuição da assistência ao desenvolvimento, a conferência visa atacar a raiz dos desafios financeiros enfrentados globalmente, promovendo um diálogo sobre a reformulação das estratégias de financiamento para o desenvolvimento.
Origem: Nações Unidas