Todos os anos, 1,4 milhão de pessoas em todo o mundo morrem devido a infecções provocadas por água contaminada e saneamento inadequado. Doenças como diarreia, cólera e febre tifoide são algumas das principais causas desse alarmante índice de mortalidade. Segundo dados das Nações Unidas, aproximadamente 2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável, e cerca de 3,4 bilhões vivem sem sistemas de esgoto tratados.
No Conselho de Direitos Humanos, a situação foi categorizada como uma questão de vida ou morte que requer atenção imediata. Durante uma apresentação na última quinta-feira, a vice-alta-comissária da ONU, Nada Al-Nashif, enfatizou que estamos diante de uma “enorme crise de saúde pública” que não tem recebido os recursos necessários. Em países de baixa renda, as taxas de mortalidade por falta de acesso a água potável e saneamento são até 500 vezes mais altas se comparadas às nações desenvolvidas.
A infraestrutura em regiões afetadas por conflitos, como a Ucrânia, Gaza e Sudão, tem sido severamente comprometida. Nesses locais, o fornecimento de serviços essências foi transformado em uma “arma de guerra”. Além dos conflitos, desastres climáticos como secas e furacões também prejudicam o acesso à água.
Outro fator que agrava essa situação é o alto custo dos serviços de água. O Conselho de Direitos Humanos ressaltou a necessidade de logística adequada, uma vez que muitas regiões carecem de banheiros adaptados para pessoas com deficiência. Mulheres e meninas, em particular, enfrentam desafios adicionais, ao precisarem percorrer longas distâncias para obter água ou utilizar banheiros, muitas vezes expondo-se a riscos de violência. Populações indígenas e moradores de favelas estão ainda mais suscetíveis a fontes contaminadas e aos impactos das mudanças climáticas.
Para galvanizar a vontade política, a ONU planeja realizar uma Conferência da Água em 2026. Nada Al-Nashif destacou que os governos devem cumprir os princípios dos direitos humanos, garantindo acesso universal à água e saneamento sem discriminação. A transparência na gestão de recursos hídricos é essencial, assim como a inclusão dos afetados nas discussões sobre soluções. O Escritório de Direitos Humanos da ONU propõe que haja colaboração entre governos, setor privado e organizações da sociedade civil para alcançar um resultado sustentado. A vice-chefe do Escritório reafirmou que a água é um bem público e deve ser tratada como um direito fundamental de todos os seres humanos.
Origem: Nações Unidas