A crise na República Democrática do Congo (RD Congo) foi debatida em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, nesta quarta-feira, onde a representante especial da organização no país, Bintou Keita, trouxe à tona a recente captura da cidade de Kamanyola pelo grupo armado M23. Localizada na tríplice fronteira entre RD Congo, Ruanda e Burundi, a cidade agora está sob controle dos rebeldes, que têm sido acusados de operar com o apoio do exército ruandês.
Keita alertou que o avanço do M23, utilizando uma força significativa, ignorou apelos internacionais por um cessar-fogo e resultou em “consequências arrasadoras”, incluindo uma trágica perda de vidas. A representante da ONU pediu ao Conselho que tome medidas urgentes para evitar uma escalada do conflito em uma guerra regional. Ela enfatizou a necessidade de responsabilizar os responsáveis por violações e abusos, mencionando um eventual estabelecimento de uma missão de apuração de fatos.
Nos últimos dias, a situação em Goma se agravou, com o M23 instaurando um governo paralelo na cidade. O grupo também controlou o aeroporto de Kavumu e a capital provincial, Bukavu, impondo severas restrições aos movimentos das forças de paz da ONU. De acordo com Keita, essas limitações têm interferido na capacidade da Monusco de avaliar danos e realizar atividades essenciais, como a remoção de munições não detonadas e o fornecimento de suprimentos básicos.
A representante da ONU descreveu a situação das infraestruturas da Missão de Paz como “crítica”, com muitos civis buscando abrigo em locais que já enfrentam problemas de saúde e higiene. Keita destacou que a desinformação está sendo alimentada pela crise humanitária, aumentando os sentimentos anti-Monusco entre a população local.
Além das condições alarmantes, a movimentação de combatentes e o aumento do armamento têm exacerbado a vulnerabilidade de mulheres e meninas a atos de violência sexual. Apesar do ambiente desafiador, Keita reafirmou o compromisso das Nações Unidas, incluindo a Monusco, em apoiar esforços de mediação e negociação, citando os avanços do processo de paz de Luanda, que teve um novo impulso com a recente presidência do bloco pelo presidente de Angola, João Lourenço.
Origem: Nações Unidas