A 3ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que teve início nesta segunda-feira em Nice, França, destaca a importância de oceanos saudáveis na luta contra a crise climática e na proteção de cidades costeiras. O evento visa reforçar estratégias para enfrentar ameaças como poluição e pesca excessiva, além de explorar o potencial econômico dos mares, que pode gerar oportunidades de até US$ 15,5 trilhões até 2050.
O professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, presente na conferência, enfatiza a relevância do oceano na transição energética necessária para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Ele sugere que a energia eólica e outras fontes renováveis, vinculadas ao oceano, representam uma oportunidade crucial para uma economia de baixo carbono, ao mesmo tempo em que alerta para os riscos enfrentados pelas populações costeiras vulneráveis aos eventos climáticos extremos.
Turra, que lidera a Cátedra sobre Sustentabilidade do Oceano da UNESCO, afirma que o Brasil possui um potencial incomparável para a geração de energia eólica em alto-mar e trabalha na avaliação ambiental de tais iniciativas. Ele adverte que a degradação dos oceanos pode prejudicar a emergente economia azul, que abrange desde turismo até inovações em startups, como a brasileira “Ilha Hub”.
Durante a conferência, o tema da mineração no fundo do mar também foi abordado. Turra alertou sobre os impactos negativos desta prática, pedindo uma pausa de precaução para aprofundar o conhecimento sobre ecossistemas marinhos ainda pouco explorados. Ele destaca que a pressão da indústria de alta tecnologia por minérios raros, muitos deles encontrados em profundidades extremas, pode provocar danos irreparáveis ao ambiente marinho.
A conferência busca não apenas sensibilizar a comunidade internacional, mas também transformar compromissos em ações concretas, refletindo a urgência de salvar os oceanos diante da crescente degradação e das mudanças climáticas. A conexão entre a Amazônia Verde e a Amazônia Azul foi ressaltada como essencial para formarem um diálogo interligado sobre a relação intrínseca entre oceanos e clima, especialmente com a COP30 prevista para novembro no Brasil, que promete ser um marco nesta discussão.
Origem: Nações Unidas