Expertos alertam para riscos da confiança excessiva na tecnologia sem controle humano
A proteção de dados foi o tema central de uma conferência realizada no dia 10 de abril na Universidade Europeia de Madrid (UEM), liderada por Gonzalo de la Poza García, responsável pela Segurança Corporativa da acens. Durante sua palestra, De la Poza enfatizou que a proteção de dados não é apenas uma obrigação legal, mas um direito fundamental, essencial para a construção de uma economia digital sustentável.
De la Poza instou para que o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) fosse encarado não apenas como uma norma a ser cumprida, mas como um salvaguarda crucial na era da informação. Ele destacou a importância de medidas rigorosas de segurança e transparência, especialmente no tratamento de dados sensíveis, como informações de saúde e biometria.
Entre os pontos críticos discutidos, as brechas de segurança foram abordadas. O especialista alertou que qualquer perda ou acesso não autorizado a dados deve ser comunicado à autoridade competente em até 72 horas, além dos envolvidos, caso o risco seja elevado. As penalidades por descumprimento podem chegar a 20 milhões de euros ou 4% do faturamento anual da organização, dependendo da gravidade da infração.
A figura do Delegado de Proteção de Dados (DPD) também foi destacada como fundamental, atuando como um garantidor do cumprimento normativo, embora a responsabilidade final recaia sobre a empresa. De la Poza enfatizou que a proteção de dados deve ser uma tarefa compartilhada entre todas as áreas da organização, e não apenas dos departamentos legais ou de TI.
Edith Macedo, professora do módulo de Big Data e FinTech na UEM, e Hubert Joo Kitano, diretor do Mestrado em Direção Financeira, trouxeram uma perspectiva educacional ao debate. Ambos concordaram que o Big Data não está isento do RGPD, reforçando que quanto maior o volume de informações, maior a responsabilidade.
Macedo exemplificou como plataformas colaborativas, como o Airbnb, têm adotado a anonimização de dados pessoais para se adequar à regulamentação. Já Kitano alertou que a confiança, essencial para o setor FinTech, pode ser destruída por uma única brecha de segurança, uma vez que dados financeiros sensíveis podem resultar em fraudes e discriminações.
Os especialistas concordaram que o fator humano, frequentemente subestimado, é crucial para a segurança dos dados. Erros humanos e a falta de formação são muitas vezes a causa das brechas de segurança, destacando a urgência de incluir a educação sobre proteção de dados nos currículos dos futuros profissionais da tecnologia e do setor financeiro.
A conferência culminou em um consenso sobre a necessidade de integrar a proteção de dados desde o design de qualquer iniciativa digital, especialmente em setores como FinTech, onde a reputação é tudo. Os palestrantes afirmaram que, embora a tecnologia avance, não pode fazê-lo sem ética e regulamentação, sublinhando que proteger dados é, em última instância, proteger as pessoas.