A corrida pela inteligência artificial generativa não se limita a benchmarks e modelos sofisticados, mas está se transferindo rapidamente para o campo físico: gigawatts de capacidade elétrica, milhões de chips e dezenas de novas fábricas de semicondutores. Segundo uma investigação publicada no site Truthdig, a OpenAI possui uma meta ambiciosa e inquietante: alcançar até 250 gigawatts (GW) de capacidade computacional instalada até 2033. Essa cifra, conforme um memorando interno datado de setembro de 2025 e assinado por Sam Altman, CEO da empresa, é equivalente a toda a eletricidade atualmente consumida pela Índia, um país com 1,5 bilhões de habitantes.
Para entender a magnitude dessa demanda, o reporte destaca que 250 GW representam uma carga elétrica quase constante, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Este aumento alarmante de demanda levantaria questões críticas em relação às emissões de carbono, pois a geração elétrica continua dependendo em grande parte de combustíveis fósseis. A infraestrutura existente não foi projetada para absorver repentinamente várias “economias digitais”.
Para suportar esse volume, seriam necessárias, apenas para a OpenAI, cerca de 60 milhões de GPUs da Nvidia trabalhando em grandes fazendas de servidores. Isso exigiria a construção de pelo menos 10 fábricas do tipo “Fab 25” da TSMC, que por sua vez consome água e energia em níveis alarmantes. Em Taichung, a planta Fab 25 deve consumir cerca de 100.000 toneladas de água diariamente e 1 GW de potência, o que equivale ao consumo de 750.000 lares.
A pressão sobre a fabricação de semicondutores e os recursos ambientais não se limita a uma única empresa. Outras grandes tecnologias, pelo menos cinco, estão investindo em datacenters multigigawatts para seus próprios modelos de IA, o que expande o consumo de água, energia e gera preocupações sobre saúde e segurança ambiental.
Nos Estados Unidos, o governo está promovendo a construção de novas fábricas de semicondutores através do CHIPS Act, mas isso levanta preocupações similares como uso elevado de água e manuseio de químicos perigosos. A exploração mineral, necessária para a produção desses chips, também demanda mais recursos e pode impactar ecossistemas frágeis.
Para os líderes da tecnologia, a corrida por mais gigawatts e GPUs é clara, mas levantam uma pergunta incômoda: quanta IA o planeta realmente pode suportar? A resposta pode não estar em um memorando, mas nas limitações que sociedades e comunidades estão dispostas a aceitar em relação ao uso de água, energia e saúde ambiental.






