A nova colaboração entre NVIDIA e Intel para co-desenvolver um SoC x86, combinando a arquitetura de CPU da Intel com chiplets gráficos RTX da NVIDIA, promete mudar significativamente o cenário dos PCs. Contudo, para os fabricantes que montam e vendem laptops e desktops, o impacto não se mede apenas em benchmarks. Jason Chen, presidente e CEO da Acer, destacou que focar na forma como o investimento da NVIDIA na Intel pode afetar a TSMC “é perder o foco”. O problema imediato, segundo ele, é que essa nova jogada introduz variáveis e desafios operacionais em uma cadeia já tensionada.
Chen enfatiza que o ecossistema x86 já lida com múltiplas gerações de processadores. A adição de um terceiro componente (Intel+NVIDIA) ao já existente Intel-AMD tornará o gerenciamento de compras e pós-vendas mais complicado. Marcas como Acer, MSI e Gigabyte terão que reescrever suas estratégias. O desafio inclui uma gestão de inventário mais complexa e um aumento nos custos de suporte que não aparecem nas apresentações.
Em declarações recolhidas pela DigiTimes, Chen pediu uma internalização das mudanças estruturais trazidas por essa nova via x86. De acordo com ele, os fabricantes devem disciplinar suas rotinas, cuidando de seus portfolios e reforçando o serviço pós-venda. A necessidade é clara: é preciso decidir quais plataformas permanecerão no mercado e quando retirar outras, sem deixar os clientes desassistidos.
Mesmo com apenas dois fornecedores (Intel e AMD), a coexistência de várias gerações de hardware já cria desafios em aprovações, certificações e na gestão de drivers e suprimentos. A introdução de um SoC x86 híbrido, combinando CPU Intel e GPU chiplets RTX, irá multiplicar as variáveis.
Enquanto isso, o mercado de CPUs mostra sinais de recuperação, com um aumento de 12% nas remessas globais no terceiro trimestre de 2024 em comparação ao segundo. Este cenário incentiva os OEMs a programar mais produtos, mesmo com o crescente desafio na complexidade das plataformas.
A tecnologia por trás do SoC x86 NVIDIA-Intel é atrativa, mas sua adoção representa uma nova operação que os OEMs terão que considerar. Mais combinações de produtos e variações significam maior complexidade em imagem, firmware, e atendimento pós-venda. Chen sugere que a estratégia deve envolver uma abordagem disciplinada em relação ao portfólio e uma preparação sólida em termos de documentação e suporte ao cliente.
Ainda sem uma data oficial de lançamento, há expectativas de que os primeiros PCs com SoC x86 possam ser vistos em breve, com planos para até 150 milhões de unidades anuais. Para que esse objetivo se concretize, no entanto, será necessária uma capacidade robusta de produção e validação técnica, além de parcerias estratégicas com os OEMs.
Os fabricantes enfrentam desigualdades e terão que agir, não apenas em resposta ao hype, mas com um plano operacional claro e sustentável para acompanhar a nova dinâmica de mercado que se avizinha.






