A tensão tecnológica entre os Estados Unidos e a China está gerando novos desafios para a NVIDIA, com a interrupção da produção de sua GPU H20. Este chip foi desenvolvido para atender às restrições de exportação americanas ao mercado chinês. Segundo informações do site The Information, a empresa pediu a alguns fornecedores que suspendessem o trabalho no modelo, evidenciando uma mudança estratégica em meio a um ambiente político tenso.
Concebida em 2023, a H20 se adaptou às limitações impostas por Washington sobre a exportação de semicondutores avançados para Pequim. O desenvolvimento visava preservar a presença da NVIDIA em um mercado que, até recentemente, representava uma fração significativa de suas receitas, com a China contribuindo com cerca de 13% das vendas totais, o que corresponde a aproximadamente 17 bilhões de dólares no último exercício fiscal.
As dificuldades começaram a se intensificar em abril, quando a administração Trump endureceu as condições de exportação, resultando na prática em um bloqueio dos envios da NVIDIA ao país asiático. Essa situação levou a empresa a registrar perdas de 4,5 bilhões de dólares em inventário e a perder outras receitas potenciais de até 8 bilhões de dólares.
Apesar de uma leve reviravolta em julho, quando a Casa Branca permitiu a retomada dos envios, exigindo 15% das vendas na China para o Tesouro americano, o cenário já havia mudado. O Partido Comunista Chinês endureceu sua posição, pedindo para empresas locais a evitarem adquirir a H20, citando riscos de cibersegurança.
Enquanto isso, a NVIDIA está rumo ao desenvolvimento de seu novo modelo, o B30, que poderá substituir a H20. Contudo, o sucesso deste chip dependerá da sua aceitação em um ambiente que pode se revelar hostil, tendo em conta que a China continua a ser o segundo maior mercado de semicondutores do mundo.
Essa situação reflete um dilema mais amplo: as tensões geopolíticas estão reformulando as cadeias de suprimentos e o mercado global de chips avançados, ao passo que EUA e China disputam não apenas vantagens econômicas, mas também estratégicas no domínio de tecnologias críticas.