O Lenovo Group Limited surpreendeu o mercado com resultados robustos no primeiro trimestre do exercício fiscal de 2025/26, alcançando o melhor início de ano em mais de uma década. Com sede em Hong Kong, a empresa reportou receitas de 18,8 bilhões de dólares, apresentando um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. O lucro líquido foi de 505 milhões de dólares, marcando um impressionante aumento de 108% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Quando ajustamos os números, excluindo efeitos não monetários relacionados a warrants e bônus conversíveis, o lucro líquido foi de 389 milhões de dólares, representando um crescimento de 22% em relação ao ano passado. Esses dados refletem um desempenho operacional sólido e consistente da empresa.
Lenovo opera com um modelo de negócios diversificado, dividido em três grandes segmentos. O Intelligent Devices Group (IDG) liderou as receitas, com 13,5 bilhões de dólares e um crescimento de 18%, impulsionado por um incremento na venda de PCs e dispositivos inteligentes, conquistando 24,6% de participação global no mercado de PCs. No setor de Infraestrutura, o Infrastructure Solutions Group (ISG) reportou 4,3 bilhões de dólares, com um notável crescimento de 36%, especialmente no âmbito de inteligência artificial e soluções de refrigeração líquida. O Solutions and Services Group (SSG) também contribuiu com 2,3 bilhões de dólares, marcando seu 17º trimestre consecutivo de crescimento.
Os resultados demonstram que 47% das receitas de Lenovo já não estão atreladas ao segmento de PCs, evidenciando a redução da dependência histórica da empresa nesse setor.
Os motores de crescimento da companhia estão sendo impulsionados por inovações em PCs e dispositivos de IA, onde a Lenovo alcançou um recorde de 24,6% de participação no mercado global. Mais de 30% de suas máquinas já são equipadas com capacidades de IA, posicionando a companhia como líder no emergente setor de PCs com Windows AI. Na área de smartphones, a Motorola, uma das subsidiárias da Lenovo, gerou 2,2 bilhões de dólares em receitas, com um crescimento de 14% e mantendo-se como líder no segmento de celulares dobráveis.
A divisão de infraestrutura, ISG, também se destacou com um crescimento significativo de 36%, com receitas duplicadas na área de infraestrutura voltada para IA, além de um aumento de 30% nas soluções de refrigeração líquida. Já em serviços e soluções, o SSG alcançou um recorde de 2,3 bilhões de dólares, confortavelmente acima da margem operacional de 22%, com crescimento contínuo nas ofertas as-a-service.
A Lenovo também está fortalecendo sua posição em inovação e sustentabilidade. O investimento em pesquisa e desenvolvimento aumentou em mais de 10%, refletindo seu compromisso com a inovação, enquanto a empresa reafirmou sua meta de alcançar emissões líquidas zero até 2050, recebendo classificações AAA em ESG pela MSCI e uma medalha Platinum da EcoVadis.
No contexto do mercado, a Lenovo subiu 52 posições no ranking Fortune Global 500, alcançando a 196ª posição, sua melhor até o momento no setor tecnológico. Com uma capitalização de mercado girando em torno de 15 bilhões de dólares, a empresa continua a expandir sua presença na Bolsa de Hong Kong e nos Estados Unidos.
As perspectivas de crescimento da companhia parecem promissoras. O CEO, Yuanqing Yang, enfatizou a continuidade do foco em aumentar a penetração de IA em PCs e smartphones, expandir a infraestrutura voltada para IA e consolidar o negócio de serviços como uma fonte estável de rentabilidade.
Analistas apontam que a Lenovo está bem posicionada para capturar a crescente onda de investimentos em inteligência artificial, embora exista pressão sobre as margens em infraestrutura e intensa concorrência no setor de PCs.
Neste cenário de incerteza geopolítica e demanda global flutuante, a Lenovo conseguiu transformar a inteligência artificial em um catalisador de crescimento, apontando para um ciclo de expansão que pode redefinir sua avaliação e perfil de risco nos próximos exercícios fiscais.