A LaLiga voltou a ser assunto em destaque, com a atualização do CEO da Vercel, Guillermo Rauch, sobre como a empresa está lidando com os bloqueios de IP ordenados pela justiça espanhola contra transmissões piratas de futebol. A Vercel confirmou que as URLs notificadas pela LaLiga continham conteúdo ilícito, mas criticou a abordagem abrangente dos bloqueios de IP, uma vez que afeta muitos serviços legítimos que compartilham essas mesmas endereços.
Para amenizar os efeitos colaterais destes bloqueios, a Vercel implementou um “buzão dedicado”, automação de incidentes e um protocolo de escalonamento rápido para revisar cada notificação e, quando possível, isolar apenas os hostnames infratores. O grande problema reside no fato de que uma única IP de um CDN pode atender centenas ou até milhares de projetos legítimos. Bloquear essa IP para derrubar um streaming ilegal resulta no fechamento de sites que não têm relação com a infração. A proposta da Vercel é bloquear o hostname específico usando informações do SNI (Server Name Indication) no início da conexão TLS.
Contudo, a chegada da tecnologia Encrypted Client Hello (ECH) — que cifra o SNI — dificulta essa inspeção e pode resultar em mais bloqueios por IP, aumentando, assim, os impactos colaterais. A abordagem da LaLiga para impedir transmissões não autorizas é respaldada por decisões jurídicas que validam a estratégia de bloqueios dinâmicos, mesmo com empresas como a Cloudflare contestando essas ações. Além disso, a LaLiga busca implementar uma legislação vinculativa na Europa para combater a pirataria esportiva ao vivo.
Durante os dias de liga, bloqueios em larga escala têm causado indisponibilidade de serviços legítimos, e a reação do público tem sido um aumento no uso de VPNs, visto como uma forma de contornar uma censura excessiva que afeta a navegação diária.
Rauch defendeu que todas as notificações recebidas eram válidas e que a Vercel agiu rapidamente para proteger clientes que não infrinjam leis. No entanto, alguns desenvolvedores criticam a criação de um “precedente” que prioriza certos mecanismos de bloqueio, alertando que isso pode comprometer a privacidade.
Os principais pontos em jogo incluem a proteção dos direitos audiovisuais, a disponibilidade de serviços legítimos, a questão da privacidade devido ao ECH e a governança da internet, questionando até que ponto o poder de bloqueio pode ser delegado a entidades privadas sem garantias adequadas. Nas próximas semanas, será importante observar o protocolo dos operadores espanhóis, a posição da Comissão Europeia e o comportamento dos CDNs acerca do bloqueio por hostname.






