Nesta quinta-feira, a Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria divulgou um relatório alarmante que documenta a devastação e os saques sistemáticos a propriedades de deslocados durante mais de uma década de conflito no país. Sob a liderança do professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, especialistas da ONU acusam as partes envolvidas no conflito de não apenas falharem na proteção dos civis, mas também de realizarem roubos em grande escala, aumentando assim a urgência de reformas nesse sentido.
O relatório, que utiliza análises de imagens de satélite, vídeos e depoimentos de testemunhas, destaca a magnitude da destruição em diversas comunidades sírias. As investigações revelaram que muitas áreas foram significativamente alteradas, com um impacto demográfico que pode ser permanente. O estudo também pontua que, em situações onde houve deslocamento maciço, as forças em conflito tomaram propriedades, desmontando estruturas essenciais e deixando bairros inteiros inabitáveis.
As alegações de saque incluem práticas sistemáticas e coordenadas principalmente em áreas sob controle do governo sírio e por grupos armados. O documento aponta que os autores desses crimes, muitas vezes, utilizavam articulações informais para comercializar bens roubados, criando mercados dedicados a tal atividade. Foi constatado que tanto as forças governamentais quanto as oposições armadas se envolveram em saques, embora em diferentes contextos e intensidades.
Com cerca de meio milhão de mortos e milhões de deslocados desde o início do conflito em 2011, o chamado à ação é claro. A Comissão pede urgentemente a implementação de medidas preventivas e sancionatórias em relação aos roubos, bem como uma proteção real dos direitos dos civis por todas as partes envolvidas na crise. A investigação sobre novas alegações de saques e ocupações ilegais continua ativa, especialmente após a recente ofensiva rebelde que reconfigurou o panorama do conflito no país.
Origem: Nações Unidas