Intel encerra sua unidade automotiva e intensifica reestruturação
A gigante tecnológica americana Intel anunciou o fechamento definitivo de sua divisão dedicada ao setor automotivo, uma medida que resultará na demissão da maior parte de seus funcionários nesse segmento. Esta decisão faz parte de uma reestruturação estratégica iniciada com a chegada do novo CEO, Lip-Bu Tan, que visa redirecionar os esforços da empresa para suas áreas principais: mercado de clientes e centros de dados.
Em um comunicado interno vazado, a Intel informou: “Estamos planejando o fechamento de nosso negócio de arquitetura automotiva. Cumpriremos com os compromissos já estabelecidos com nossos clientes, mas a maioria dos colaboradores dessa unidade será desligada.”
Embora a divisão automotiva não tenha sido um pilar central da empresa, a Intel se orgulhava de ter seus processadores integrados em mais de 50 milhões de veículos, oferecendo funcionalidades desde a gestão de desempenho até informações para motoristas e suporte a tecnologias de carros elétricos e sistemas avançados de assistência ao motorista (ADAS).
Paralelamente ao fechamento da divisão, a Intel mantém uma participação majoritária na Mobileye, uma empresa israelense especializada em tecnologias de direção autônoma. Informações preliminares indicam que o fechamento da unidade automotiva não afetará diretamente as operações da Mobileye, que continuará funcionando de maneira relativamente independente e com perspectivas positivas de mercado.
Desde abril, o novo CEO já havia antecipado "vários meses de cortes" devido a previsões negativas de vendas e a um contexto econômico desafiador. Embora Tan ainda não tenha apresentado uma estratégia pública de reativação, evidências indicam um forte foco na redução de estrutura, terceirização de funções não essenciais e aumento da eficiência.
Recentemente, a Intel começou a terceirizar seu departamento de marketing para a consultoria Accenture, resultando em novos cortes em julho. Além disso, uma redução de até 20% no pessoal de fabricação, um dos pilares históricos da companhia, foi comunicada internamente para o próximo mês.
Essas decisões refletem um esforço amplo para reduzir custos operacionais e simplificar a estrutura da Intel em busca de maior agilidade. No entanto, ainda existem dúvidas sobre como essas medidas afetarão a competitividade da empresa frente a rivais como AMD e ARM Holdings, especialmente nos mercados chave de PCs e centros de dados, onde a Intel tem perdido participação.
A longo prazo, a gigante americana enfrenta o desafio de se estabelecer firmemente no crescente e lucrativo mercado de inteligência artificial, atualmente dominado pela NVIDIA. Até o momento, a Intel tem ficado atrás no segmento de aceleradores de IA e soluções de computação especializadas. Analistas, no entanto, acreditam que as mudanças atuais podem abrir caminho para uma Intel mais competitiva neste novo paradigma tecnológico.