Intel e SoftBank estabelecem parceria para revolucionar armazenamento de alta velocidade
A Intel e a SoftBank uniram forças em um projeto ambicioso que visa desenvolver uma alternativa mais eficiente e acessível à memória HBM (High Bandwidth Memory), essencial para aceleradores de inteligência artificial. As empresas fundaram uma joint venture chamada Saimemory, responsável pela criação de um protótipo de DRAM empilhada, baseada em tecnologias da Intel e patentes de instituições acadêmicas japonesas, como a Universidade de Tóquio.
O principal objetivo é reduzir pela metade o consumo de energia dos chips HBM atuais, enquanto mantém o alto desempenho em tarefas de inteligência artificial e processamento intenso de dados.
A necessidade de alternativas à HBM
A memória HBM é amplamente utilizada em GPUs de alto desempenho, especialmente em aplicações de IA generativa, onde há a necessidade de armazenar e mover grandes volumes de dados rapidamente. No entanto, a HBM apresenta desafios como o alto custo de fabricação, complexidade técnica no empacotamento 3D, alta geração de calor e consumo energético, e a dependência de três fornecedores globais: Samsung, SK Hynix e Micron.
Nesse contexto, a nova DRAM empilhada da Saimemory se propõe a ser uma solução mais eficiente, especialmente para centros de dados no Japão, onde a SoftBank espera garantir prioridade de fornecimento se a produção for escalada com sucesso.
Retorno do Japão à fabricação de memórias
O desenvolvimento da Saimemory também simboliza o retorno do Japão ao cenário global de fabricação de memórias, após mais de duas décadas de declínio. Nos anos 80, empresas japonesas eram as líderes do mercado, responsável por 70% do suprimento mundial de chips DRAM, até serem superadas por gigantes sul-coreanos e taiwaneses.
Com a união de expertise da Intel, a força financeira da SoftBank e a inovação acadêmica nipônica, a Saimemory almeja se posicionar como uma alternativa soberana e sustentável na nova era da inteligência artificial.
A proposta única da Saimemory
Embora empresas como Samsung e NEO Semiconductor também estejam desenvolvendo DRAM 3D empilhada, seu foco está na aumento da capacidade de armazenamento, podendo chegar a 512 GB por módulo. Em contrapartida, a Saimemory dá prioridade à eficiência energética, uma questão crucial para os operadores de centros de dados, especialmente diante dos crescentes custos e impactos ambientais associados à IA.
A expectativa é que a empresa tenha um protótipo funcional até 2027, com a meta de comercialização antes do final da década. Se essa agenda for cumprida, poderá representar um ponto de virada na arquitetura de memória para ambientes de alto desempenho.
Um cenário desafiador para a HBM
A crescente demanda por chips de IA — impulsionada por modelos como GPT, LLaMA e Claude — tem tensionado a cadeia de suprimentos de memória HBM, dificultando o acesso até mesmo para grandes fabricantes. Caso a Saimemory valide com sucesso seu design, não apenas oferecerá uma alternativa estratégica para o Japão, mas também poderá diversificar o ecossistema global de fornecedores em um componente crucial para o futuro da computação acelerada.
Em resumo, a Intel e a SoftBank apostam em uma nova arquitetura de memória DRAM empilhada com menor consumo, desenvolvida no Japão, que pode reduzir a dependência da HBM e mitigar um dos maiores gargalos nos centros de dados de IA. A competição tecnológica está se movendo em direção à eficiência energética — e o Japão está determinado a retornar ao jogo.