A Semana Mundial da Água atingiu sua 35ª edição, com o foco no tema “água para a adaptação climática”. O evento, promovido pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo, começou no último domingo e se estenderá até esta quinta-feira, na capital sueca. A conferência ressalta a importância dos saberes tradicionais e valores espirituais dos povos indígenas na gestão e proteção de importantes ecosistemas aquáticos, como rios e manguezais.
Durante o encontro, a vice cacique da aldeia Mãe Barra Velha, na Bahia, Uruba Pataxó, participou de um painel sobre liderança indígena. Ela explicou à ONU News como seu povo estabelece a relação com a natureza, enfatizando que “para o povo indígena, a água é o nosso sangue, a terra, nosso corpo, e a mata é nosso espírito”. Uruba advertiu que a destruição da natureza não ameaça apenas os povos indígenas, mas compromete a sobrevivência de todos, alertando que aqueles que priorizam o lucro em detrimento do meio ambiente estão, na verdade, colocando em risco suas próprias vidas.
Em uma crítica contundente, Uruba também se pronunciou sobre a recente aprovação do Projeto de Lei 2159/21 pelo Congresso brasileiro, que facilita a atividade de mineradoras e o agronegócio dentro de terras indígenas. “Esta é a lei da devastação”, declarou, ressaltando que essa legislação permite a contaminação das águas com mercúrio e outros resíduos perigosos, o que compromete a vida dos povos locais e seus recursos.
A doutora em Ciência, Tecnologia e Sociedade, Márcia Camargo, que também participou do painel, discutiu a relevância da colaboração entre pesquisadores e comunidades indígenas. Ela revelou iniciativas conjuntas com Uruba que envolvem pesquisas sobre o genoma da terra e a utilização dessa informação para a defesa e demarcação de territórios.
Márcia destacou que o evento em Estocolmo abre novas oportunidades para captação de recursos, essenciais para financiar projetos desenvolvidos por lideranças indígenas. A Semana Mundial da Água se estabelece como a principal conferência sobre as questões globais atreladas ao uso e preservação da água, realizada anualmente desde 1991.
Origem: Nações Unidas