Uma nova pesquisa da Universidade das Nações Unidas revela que o número de pessoas diretamente afetadas por incêndios florestais cresceu 40% entre 2002 e 2021, atingindo 440 milhões em todo o mundo, sendo 85% delas na África. O estudo, publicado na revista Science, aponta que 2,5 mil pessoas perderam a vida devido a esses incêndios no período analisado, além de 10,5 mil feridos, enquanto as mortes ocasionadas pela fumaça superam 1,5 milhão por ano.
Apesar da magnitude do problema na África, sua cobertura midiática é limited, com os holofotes frequentemente voltados para incêndios em regiões como América do Norte, Europa e Oceania, que, juntas, representam menos de 2,5% da exposição global. Mojtaba Sadeg, líder de Análise Climática e de Incêndios Florestais no Instituto da Universidade da ONU, destaca a necessidade de uma atenção redobrada aos impactos desproporcionais enfrentados pela população africana.
Cerca de 65% da área queimada globalmente está situada no continente africano, onde a mudança climática é identificada como um dos principais catalisadores, aumentando eventos extremos em mais de 54% entre 1979 e 2022. A pesquisa também indica que a ação humana, como mudanças no uso da terra, tem aumentado os riscos de incêndios. Nos Estados Unidos, a maioria dos incêndios (84%) são causados por atividades humanas, e na Europa, esse número ultrapassa 90%.
Na África, a agricultura tem fragmentado grandes pastagens, reduzindo o espaço disponível para incêndios naturais, mas aproximando vilas e fazendas de áreas de risco. Embora globalmente a área queimada tenha diminuído em 26%, a crise dos incêndios florestais é reconhecida pelo diretor do Instituto da ONU para Água, Meio Ambiente e Saúde. Kaveh Madani critica a revogação de medidas de proteção por algumas das maiores economias do mundo, que agravam a vulnerabilidade das comunidades.
Para enfrentar os riscos associados aos incêndios florestais, especialistas sugerem fortalecer a resiliência nas regiões mais afetadas, como a África. Isso inclui a implementação de estratégias locais de gestão do fogo, desenvolvimento de políticas que reduzam a sobreposição de assentamentos humanos com áreas propensas a incêndios e investimentos em infraestrutura resistente ao fogo.
Origem: Nações Unidas