A ONU alertou para o crescente risco de uma crise humanitária grave na Ucrânia, à medida que os ataques russos a infraestruturas energéticas se intensificam. Matthias Schmale, coordenador humanitário da ONU no país, destacou que o impacto destes ataques está ultrapassando a capacidade de recuperação das comunidades, deixando-as vulneráveis ao frio intenso e sem acesso a eletricidade ou água potável.
Schmale classificou o ataque de quinta-feira como um dos mais intensos desde o início da invasão em 2022, com mais de 700 munições lançadas em várias regiões. As ofensivas têm como alvo infraestruturas essenciais, aumentando os riscos para civis em cidades próximas à linha de frente, como Zaporizhzhia, Kharkiv e Dnipro.
Ele enfatizou que, caso as populações fiquem dias sem eletricidade ou água segura durante o rigoroso inverno, as organizações humanitárias não terão recursos suficientes para gerir uma “crise dentro da crise”. A destruição deliberada da capacidade energética foi descrita como um “ato de terror que afeta diretamente a população civil”, além de aumentar o peso psicológico da guerra, que já se estende por quatro anos.
Além disso, o representante da ONU observou que o conflito se tornou “cada vez mais tecnológico”, referindo-se à crescente utilização de drones, responsáveis por um terço das mortes civis registradas em 2025. O número total de vítimas civis aumentou 30% em relação ao ano anterior, incluindo o falecimento de uma criança de sete anos em um ataque na região de Vinnytsia. A Organização Mundial da Saúde também confirmou 364 ataques a instalações de saúde entre janeiro e outubro deste ano, destacando as violações dos direitos fundamentais nas áreas sob ocupação russa.
À medida que os ataques se intensificam, a ONU enfrenta desafios relacionados ao financiamento humanitário, que caiu de US$ 4 bilhões em 2022 para apenas US$ 1,1 bilhão até agora em 2024. Com a chegada do inverno, o alerta é claro: sem um cessar-fogo e sem apoio internacional renovado, milhões de civis poderão enfrentar um dos invernos mais difíceis desde o início da guerra.
Origem: Nações Unidas


