Os três anos de guerra na Ucrânia têm imposto um impacto profundo e negativo sobre meninas e mulheres, que testemunharam um retrocesso nas conquistas sociais e econômicas previamente alcançadas. Com mais de 1,8 milhão de mulheres deslocadas internamente devido ao conflito, a necessidade de assistência humanitária se tornou ainda mais urgente: 6,7 milhões delas aguardam ajuda.
Os dados revelam uma situação alarmante: desde o início da invasão russa, mais de 3.799 mulheres e 289 meninas perderam a vida, embora as estimativas indicam que o total pode ser significativamente maior. Além disso, a saúde mental da população feminina está em risco, com o aumento dos níveis de depressão, exacerbados pelas dificuldades diárias. As responsabilidades domésticas, que incluem o cuidado de crianças, aumentaram, passando de uma média de 49 horas semanais antes da guerra para atuais 56 horas.
A ONU destacou um agravamento da desigualdade de gênero, com as mulheres ganhando 41,4% menos que os homens pelas mesmas funções. Em 2023, elas representaram 72,5% do total de desempregados no país e, conforme ressaltado pelas autoridades da ONU, sua presença na esfera política e de tomada de decisão foi severamente diminuída. Adicionalmente, a violência baseada em gênero aumentou em 36% desde o início do conflito.
Apesar das adversidades, as mulheres têm se mostrado resilientes, liderando a resistência e fundando cerca de um em cada dois negócios no país. Elas estão também conquistando espaço em setores historicamente dominados por homens, como segurança e transporte. A representante da ONU Mulheres na Ucrânia, Sabine Freizer Gunes, enfatizou a importância do apoio de doadores a organizações lideradas por mulheres, ressaltando que a participação delas é fundamental para a reconstrução de uma Ucrânia mais igualitária e sensível às questões de gênero. No último ano, a ONU Mulheres conseguiu apoiar mais de 180 mil meninas e mulheres afetadas pelo conflito, reforçando a necessidade de continuidade desse apoio para garantir o avanço dos direitos e da liderança feminina no país.
Origem: Nações Unidas