Nos últimos meses, HP e Dell, duas das maiores fabricantes de computadores do mundo, geraram controvérsia ao desativarem o suporte por hardware ao vídeo HEVC (H.265) em alguns de seus laptops. Essa mudança, que afeta principalmente modelos empresariais de entrada e média gama, foi confirmada por ambas as empresas após reportagens iniciais do site Ars Technica. Apesar de os processadores desses dispositivos serem capazes de lidar com a tecnologia, os codecs HEVC não estão mais disponíveis por padrão.
A decisão tem uma explicação econômica: o aumento nas tarifas das licenças do codec HEVC, que são administradas por pools de patentes. Para usuários que investiram mais de 800 dólares em laptops “Pro”, a frustração é palpável. Eles se sentem enganados ao descobrir que converter vídeos H.265 não é uma função básica integrante do produto.
Conforme informações disponíveis, o hardware necessário para a decodificação ainda está presente; no entanto, o sistema operacional não inclui os codecs HEVC por padrão. Isso significa que, em muitos casos, programas nativos do Windows podem se tornar ineficazes para a reprodução de vídeos em H.265, exigindo que os usuários recorram a softwares de terceiros ou que comprem um codec adicional na Microsoft Store.
A Dell afirmou que essa alteração se aplica principalmente a seus “sistemas padrão e básicos”, enquanto modelos de gama mais alta, como aqueles com telas 4K ou GPUs dedicadas, permanecem com o suporte ativo. A HP, por sua vez, revelou que desativou o HEVC em determinadas linhas profissionais, como as EliteBook e ProBook, e sugeriu soluções alternativas caso os usuários necessitem do recurso.
Este problema está ligado ao aumento das tarifas das licenças do HEVC, que subiram 20% em julho. O custo parece trivial por unidade, mas quando multiplicado pelo volume de dispositivos vendidos — cerca de 15 milhões pela HP e mais de 10 milhões pela Dell no terceiro trimestre de 2025 — a cifra se torna significativa. Estima-se que isso possa resultar em custos adicionais de até 600 mil dólares para a HP e 400 mil dólares para a Dell a cada trimestre.
O movimento dessas duas gigantes do setor de tecnologia levanta questões sobre a transparência e a justiça desse tipo de decisão. Usuários têm reclamado da falta de clareza sobre a desativação do HEVC, o que impacta negativamente em seus fluxos de trabalho, especialmente para profissões que lidam com edição de vídeo e reprodução de conteúdos em 4K.
A comunidade técnica também expressou descontentamento, chamando a decisão de “ridícula” e um exemplo de como fabricantes priorizam economias a curto prazo em detrimento da experiência do usuário.
Para os que já adquiriram um desses laptops, existem algumas alternativas. É possível utilizar reprodutores que já incluam codecs próprios, como VLC, ou até mesmo comprar o codec na Microsoft Store. Os usuários também são aconselhados a revisar as especificações dos laptops cuidadosamente antes da compra para evitar surpresas desagradáveis.
Diante desse cenário, a pergunta que paira é: estamos vendo o início do fim do HEVC em computadores de entrada? Com a ascensão de alternativas abertas como AV1, o futuro pode demandar adaptações por parte dos fabricantes, que podem optar por oferecer suporte completo para HEVC em modelos de alta gama, enquanto relegam soluções de software para os modelos mais simples.






