A digitalização fiscal na Espanha tornou-se um tema crucial para empresas e autônomos após a recente decisão do Ministério da Fazenda de postergar a obrigatoriedade da fatura eletrônica, incluindo o sistema Verifactu. A nova data para as empresas foi fixada em 1º de janeiro de 2027 e para os autônomos, 1º de julho de 2027. Essa mudança representa um atraso de um ano em relação à programação original e foi consequência de pressão exercida por associações empresariais, consultores fiscais e alguns parceiros parlamentares do governo.
Esse adiamento foi visto como um alívio imediato para o setor empresarial, principalmente para pequenas e médias empresas (PMEs) e autônomos, ao mesmo tempo que trouxe novas incertezas sobre as regulações em um setor tão vital como a digitalização dos processos de faturamento e o combate à fraude fiscal.
O adiamento impacta diretamente o Verifactu, que consiste em um novo regulamento desenvolvido pela Agência Tributária. Este regula os sistemas de faturamento que devem garantir a integridade e a rastreabilidade das transações, prevenindo a utilização de softwares que possibilitem a ocultação de vendas. Diferente da fatura eletrônica tradicional, o Verifactu exige que cada fatura possua uma “digital” e, quando pertinente, um código QR para rastrear as informações em tempo real ou diferido.
Para as empresas, essa transição exigirá:
– Adequação ou substituição dos sistemas de faturamento, como software ERP ou TPV.
– Investimentos em integração e certificação.
– Modificações nos procedimentos internos, afetando contabilidade e relacionamento com consultorias.
O novo calendário, agora consolidado para 2027, é visto como uma data chave para a conformidade generalizada.
O governo justificou essa decisão ressaltando a necessidade de oferecer mais tempo a empresas, especialmente as menores, para que se adaptem adequadamente às novas exigências técnicas. Embora haja um impacto positivo imediato, associações de consultores e entidades empresariais já estavam alertando sobre os riscos de um “colapso adaptativo” próximo à data de implementação, principalmente para pequenos contribuintes com recursos limitados.
Além de aspectos técnicos, a decisão também carrega um peso político significativo. O presidente do governo, Pedro Sánchez, associou essa prorrogação a um pacote de compromissos com o partido Junts, enfatizando a ampliação do prazo para promover a digitalização dos processos de faturamento nas empresas.
Economicamente, o adiamento traz alívio a curto prazo, mas gera dúvidas quanto ao impacto futuro. As PMEs poderão reorganizar seus orçamentos para 2025 e 2026, evitando um aumento excessivo nas despesas. Contudo, também existe o risco de que muitas empresas procrastinem decisões importantes, resultando em um novo congestionamento próximo à nova data limite.
Além disso, a prorrogação pode atrasar os benefícios esperados em termos de controle fiscal e redução da economia informal, elevando a incerteza sobre a arrecadação tributária em tempos de dificuldades financeiras do Estado.
O movimento de adiamento é visto, por alguns analistas, como um aviso sobre a regulação futura. A estratégia demonstra que o governo está disposto a reavaliar prazos quando as exigências se mostram excessivamente difíceis ou politicamente custosas.
Diante desse cenário, as empresas e os autônomos são aconselhados a não encararem o adiamento como um tempo livre, mas como uma oportunidade para planejar a transição de forma mais estratégica. Isso inclui a integração do Verifactu em uma visão mais ampla de digitalização administrativa, negociação com fornecedores de software, revisão dos processos internos e avaliação do impacto em tesouraria.
Ainda que o prazo seja agora definido para 2027, a direção da administração tributária é clara: seguir em frente com a digitalização fiscal, buscando processos mais transparentes e eficientes, mesmo que os calendários possam ser ajustados novamente em resposta a pressões e desafios práticos.






