Em uma reunião no Conselho de Segurança da ONU, o secretário-geral António Guterres destacou a alarmante situação das mulheres em áreas de conflito, revelando que 676 milhões vivem a menos de 50 km de zonas com conflitos fatais, o maior número em décadas. Guterres enfatizou a necessidade de reconhecer que muitos compromissos internacionais ainda falham em assegurar proteção adequada para mulheres e meninas, bem como sua participação nas negociações de paz e a responsabilização por atos de violência sexual.
O número de meninas que sofreram agressões sexuais em zonas de conflito aumentou em 35% no último ano. O secretário-geral lamentou que as mulheres dedicadas à paz estão “subfinanciadas, ameaçadas e pouco reconhecidas”, afirmando que essa situação afeta não apenas as mulheres, mas também homens e meninos. Uma pesquisa da ONU Mulheres revelou que 90% dos grupos locais liderados por mulheres enfrentam dificuldades financeiras, com quase metade indicando que poderiam fechar as portas em seis meses.
Guterres também abordou a crescente violência e assédio contra mulheres que atuam como políticas, jornalistas e defensoras dos direitos humanos. Para enfrentar essa realidade, a ONU lançou um compromisso para garantir a participação plena e igualitária das mulheres nos processos de paz, com a meta de que pelo menos um terço dos participantes sejam mulheres. Actualmente, 39 entidades, incluindo Estados-membros e organizações internacionais, adotaram esta proposta, mas Guterres pediu que as promessas se transformem em ações concretas.
Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, reforçou a importância da Resolução 1325, destacando que a paz é mais sustentável quando mulheres estão envolvidas. Ela pediu que o aniversário da resolução sirva para garantir que os próximos 25 anos promovam mais avanços do que os últimos. Bahous ainda criticou a crescente misoginia, que envenena a política e alimenta os conflitos, e os cortes de financiamento que comprometem oportunidades de educação e ajuda humanitária em várias regiões, ressaltando a urgência da situação.
Origem: Nações Unidas






