Mais de 50 líderes mundiais e 15 mil representantes de 150 nações se reuniram em Sevilha, na Espanha, para a 4ª Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FFD4). Durante a sessão de abertura, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a necessidade urgente de uma transformação nas abordagens de financiamento, apontando para um déficit alarmante de US$ 4 trilhões que compromete a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Guterres enfatizou que “o financiamento é o motor do desenvolvimento e, neste momento, está falhando”, uma situação que deteriora a confiança entre nações e instituições. Ele alertou que cerca de dois terços dos ODS, estabelecidos em 2015, estão com progresso aquém do necessário e que a falta de recursos é um dos principais obstáculos a serem superados. Em resposta a essa crise, os países presentes assinaram o Compromisso de Sevilha, um acordo destinado a apoiar nações de baixa renda no alcance de suas metas de desenvolvimento.
Embora a reunião tenha atraído uma ampla gama de líderes, os Estados Unidos decidiram se retirar do processo no início deste mês, devido a desacordos com o conteúdo do compromisso. Guterres delineou três áreas prioritárias: garantir que os recursos financeiros sejam fluídos rapidamente, reformar o sistema de dívida global, considerado insustentável e injusto, e estabelecer um sistema tributário global mais equitativo.
O Rei Felipe VI da Espanha reforçou a importância do evento, chamando atenção para a necessidade de que um novo plano de ação se baseie em elementos concretos e realizáveis. O primeiro-ministro Pedro Sánchez acrescentou que as decisões tomadas em Sevilha terão um impacto significativo na vida de milhões.
Além das preocupações sobre a crise financeira, a questão da contribuição do setor privado foi um ponto destacado por Li Junhua, secretário-geral da conferência. Ele reforçou que a solidariedade internacional está em “profundo estresse” e que o pacto visa colocar as pessoas no centro das prioridades.
Enquanto isso, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, ressaltou que o sistema comercial global enfrenta desafios severos, com previsões de crescimento drasticamente reduzidas. Ela apontou que novas tarifas impostas por grandes economias, como os Estados Unidos, poderão agravar ainda mais a contração do comércio global, propondo a isenção de tarifas para países em desenvolvimento e a África, como uma forma de integrar melhor essas economias no sistema comercial mundial.
Este evento em Sevilha é visto como um passo essencial para revitalizar o compromisso global com o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza.
Origem: Nações Unidas