Uma equipe liderada pela pesquisadora Salomé Pinho, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), irá utilizar a glicoengenharia para desenvolver novas abordagens de imunoterapia direcionadas ao câncer colorretal. Recentemente, o projeto conquistou financiamento da Fundação Mizutani para a Glicociência, permitindo o avanço de pesquisas na área.
A iniciativa conta com a colaboração de cientistas dos Estados Unidos, Alemanha e Suíça, em parceria com o Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário do Porto e do IPO-Porto. O foco será superar as limitações atuais da imunoterapia, especialmente em tumores sólidos, buscando ampliar a aplicação desse tratamento para um maior número de tipos de câncer.
Salomé Pinho explica que, ao contrário das terapias tradicionais como quimioterapia e radioterapia, a imunoterapia estimula as células do sistema imunológico (linfócitos T) para combater as células tumorais de maneira mais eficaz. No entanto, atualmente apenas 4 a 5% dos pacientes com câncer colorretal se beneficiam dessa abordagem, e muitos nem sempre respondem ao tratamento.
Diante da urgência de expandir a imunoterapia, a equipe irá investigar como os glicanos, estruturas complexas de açúcares na superfície das células T, podem influenciar a atividade das células do sistema imunológico no combate ao câncer. A pesquisa combinará amostras clínicas e experimentos em laboratório para entender as alterações na composição dos glicanos ao longo do desenvolvimento da doença, desde estados pré-malignos até o câncer.
O objetivo a longo prazo é modular esses glicanos utilizando estratégias de glicoengenharia, o que poderá aumentar a atividade antitumoral dos linfócitos T e, consequentemente, a eficácia da imunoterapia, incluindo tratamentos com células CAR-T, que são células de defesa geneticamente modificadas para atacar tumores.
O financiamento recebido, segundo Pinho, é uma grande conquista e reconhecimento do impacto transformador da glicoengenharia no i3S. A Fundação Mizutani, que apoia esta pesquisa, é uma organização sem fins lucrativos japonesa dedicada a promover a pesquisa em glicobiologia e suas aplicações médicas.
Origem: Universidade do Porto