Em um novo relatório divulgado nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) analisa a rápida expansão dos stablecoins, criptomoedas projetadas para manter um valor estável. A instituição destaca a crescente integração desses ativos com os mercados financeiros tradicionais e as implicações que isso traz para pagamentos, inclusão financeira e estabilidade macroeconômica.
O documento aponta que, embora os stablecoins apresentem oportunidades associadas à inovação tecnológica, eles também trazem desafios regulatórios e riscos sistêmicos, especialmente para economias emergentes. Nos últimos dois anos, esses ativos, que geralmente estão indexados a moedas fiduciárias como o dólar, tiveram um aumento significativo em capitalização e volume de transações.
Embora a maior parte de seu uso ainda esteja ligada à negociação de criptoativos, há um crescimento notável nos fluxos transfronteiriços, com os stablecoins permitindo a diminuição de custos e tempos nos pagamentos internacionais, atualmente sobrecarregados por sistemas bancários complexos. Além disso, o uso desses instrumentos pode promover maior inclusão financeira em regiões que enfrentam dificuldades de acesso aos serviços bancários tradicionais.
Contudo, o relatório também assinala riscos decorrentes da volatilidade da confiança nos stablecoins e da qualidade dos ativos que os sustentam, que podem levar a saídas rápidas de capital e perturbações nos mercados financeiros. Outro aspecto preocupante citado é o risco de substituição monetária, quando pessoas e empresas escolhem usar stablecoins em moeda estrangeira em vez da moeda local, o que pode limitar a eficácia da política monetária dos bancos centrais.
Os desafios regulatórios são amplos, com o FMI enfatizando que a regulação dos stablecoins ainda é desigual entre os países, criando lacunas na supervisão e oportunidades para arbitragem regulatória. A natureza digital e transfronteiriça desses instrumentos pode facilitar a evasão de controles de capitais e ser potencialmente explorada para atividades ilícitas.
Diante desse cenário, o FMI defende uma abordagem coordenada a nível internacional, com a implementação de normas claras e a construção de um sistema que promova a integridade financeira, bem como uma melhor coleta de dados sobre os fluxos transfronteiriços. O relatório conclui que os stablecoins e a tokenização devem continuar a evoluir, reforçando a necessidade de equilibrar inovação tecnológica com a modernização das infraestruturas existentes e a proteção da estabilidade do sistema financeiro global.
Origem: Nações Unidas





