Em meio a um contexto de severas restrições impostas às mulheres no Afeganistão, muitas estão encontrando maneiras de se manter ativas na economia, por meio de pequenos negócios e atividades realizadas em casa. Desde que as mulheres foram impedidas de ocupar cargos no governo, assim como em ONGs e nas Nações Unidas, elas têm recorrido a setores tradicionais que ainda são socialmente aceitos pelas autoridades locais, como a produção têxtil, a transformação de alimentos e a tecelagem de tapetes.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) reporta que mais de 89 mil empresas no país receberam sua assistência, das quais 91% são lideradas por mulheres, contribuindo com a criação de mais de 439 mil empregos. Em Mazar-i-Sharif, Parwin Zafar, que possui uma oficina de costura, destaca que esses pequenos negócios representam a principal via de inserção feminina no mercado de trabalho. Após enfrentar dificuldades financeiras, ela conseguiu um empréstimo subsidiado que lhe possibilitou reconstruir sua empresa, atualmente empregando 16 mulheres.
Outra empreendedora, Shaista Hakimi, que administra um restaurante feminino, também se beneficiou do apoio do Pnud e contratou 18 mulheres, apesar das objeções de seu sogro às suas atividades profissionais. Entretanto, as normas sociais ainda impõem grandes desafios. As mulheres precisam de um guardião masculino para se deslocar em espaço público, limitando seu acesso ao mercado. Nesses casos, familiares masculinos costumam gerenciar a venda e negociação dos produtos.
Apenas 4% das mulheres afegãs têm acesso ao mercado internacional, e a obtenção de crédito é um desafio, exigindo múltiplos fiadores. Apesar dessas barreiras, empresárias apoiadas pelo Pnud estão criando oportunidades de emprego para afegãos que retornam do Irã e do Paquistão. Contudo, as proibições que impedem meninas de continuarem sua educação após o 6.º ano geram preocupações significativas em relação à formação futura de um potencial pool de empreendedoras. Zafar ressalta a necessidade urgente de um suporte mais robusto da comunidade internacional, em um cenário onde o futuro do empreendedorismo feminino no Afeganistão permanece extremamente incerto.
Origem: Nações Unidas






