A Comissão Regional de Saúde das Américas do Banco Mundial, em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), divulgou recentemente um relatório preocupante sobre a vulnerabilidade da atenção primária à saúde na América Latina e no Caribe. O documento destaca que, caso ocorra uma emergência de saúde que reduza a prestação de cuidados primários em até 50% ao longo de um a cinco anos, a região poderá registrar até 165 mil mortes evitáveis. As previsões são alarmantes, incluindo 11.300 mortes maternas, 10 mil infantis e 149 mil decorrentes de doenças não-transmissíveis, além de 14 milhões de gravidezes indesejadas.
Jarbas Barbosa, diretor da Opas, enfatizou a importância da resiliência na saúde, afirmando que as comunidades mais pobres e marginalizadas sofrerão as consequências mais severas em futuras crises sanitárias. Ele descreveu a resiliência como uma condição essencial para a segurança sanitária e o crescimento econômico, não um luxo.
O relatório também faz ecoar os efeitos devastadores da pandemia da Covid-19, que expôs as falhas estruturais dos sistemas de saúde da região, responsáveis por 30% das mortes globais. Nesta crise, serviços essenciais, como cuidados maternos e imunização infantil, apresentaram quedas de até 50%, com lacunas que persistem em diversos países.
Além disso, a região está cada vez mais exposta a desastres naturais, enquanto seus sistemas de saúde permanecem centralizados em instituições hospitalares e fragmentados, carecendo de um investimento adequado. Jaime Saavedra, diretor de Desenvolvimento Humano para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, reforçou a urgência de fortalecer a atenção primária à saúde como um dos maiores desafios da região, demandando ação imediata por parte dos governos para garantir cobertura universal.
Em resposta a essa situação crítica, a Comissão propôs um plano de ação com cinco prioridades. Entre elas, destacam-se a expansão de modelos de cuidados equitativos, a incorporação de funções essenciais de saúde pública, e a aretação de comunidades nas decisões de saúde, respeitando a diversidade cultural. O plano reforça ainda a necessidade de colaboração intersetorial e de um financiamento sustentável, prioritariamente público, como condições básicas para transformar a resiliência da saúde primária em uma prioridade política e econômica.
Origem: Nações Unidas






