Os relógios marcavam as três da tarde e os corredores do renovado edifício Abel Salazar (ala Nuno Grande) enchiam-se de vozes agudas cheias de curiosidade. Algumas dezenas de crianças, acompanhadas pelos seus familiares, preparavam-se para pôr as mãos na massa e descobrir como o plástico recolhido nas praias pode ser transformado em sensores para medir a poluição da água. Outros observaram parasitas ao microscópio e aprenderam sobre os impactos desses organismos na saúde animal e humana.
Carolina, uma das participantes do workshop “À descoberta das doenças zoonóticas”, descreveu a experiência como marcante: “Aprendi a mexer no microscópio, onde vi alguns parasitas, e descobri o que podem fazer à nossa saúde.” Elizabete Neves, enquanto aguardava pelo fim da atividade em que inscreveu a filha, compartilhou como essa experiência foi enriquecedora: “Foi a primeira vez que a minha filha participou numa atividade deste género, achei que seria interessante para ela, e ela estava muito motivada. Eu aproveitei para conhecer o edifício e assistir à sessão “O Futuro da Ciência: Uma Saúde em Ação”, uma conversa muito interessante que, sem dúvida, nos deixou a pensar.”
Este evento marcou o quinto ano consecutivo em que o Gabinete One Health do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto organizou atividades para celebrar o Dia One Health. O programa deste ano, que promoveu um regresso às origens, trouxe sessões para todas as idades, abordando o conceito de One Health de uma forma acessível: “Se o ambiente do nosso Planeta estiver doente, as plantas e os animais adoecem, e nós, as pessoas, não podemos estar de boa saúde”, esclareceu Adriano A. Bordalo e Sá, coordenador do gabinete e docente do ICBAS.
A primeira parte do evento foi dedicada à apresentação de trabalhos de estudantes de doutoramento do ICBAS, com enfoques variados – desde a saúde do ambiente, como o impacto da alteração da temperatura do oceano na biodiversidade, incluindo o caso das lapas na Madeira, até a saúde humana, com investigações sobre o efeito do ruído no autismo e na esquizofrenia.
Moderada por Alexandre Quintanilha, professor jubilado do ICBAS, a segunda sessão da tarde contou com um painel multidisciplinar que abordou a saúde das cidades. Veterinários, médicos, geógrafos e arquitetos discutiram a importância das condições de habitabilidade, qualidade do ar e a relevância dos animais de companhia, além do impacto de algumas pragas no ambiente urbano.
Ao final do evento, Adriano Bordalo e Sá destacou que esta edição do One Health Day no ICBAS foi “um sucesso evidente, contribuindo para aumentar a literacia da população sobre a saúde, vista como um todo, e não apenas numa perspectiva antropocêntrica.”
Origem: Universidade do Porto






