A indústria de semicondutores tem se mostrado um campo de batalha em que apenas os fabricantes com tecnologia de ponta conseguem se manter competitivos. Recentemente, a Samsung Foundry, uma das maiores empresas do setor, parece estar perdendo espaço para rivais como a TSMC e a Intel. Rumores sobre a possível cancelamento de seu processo de fabricação de 1,4 nm (SF1.4) reforçam essa preocupação.
De acordo com fontes do setor, o nodo SF1.4, que estava previsto para ser lançado em 2027, pode ser cancelado devido a problemas de desempenho que a empresa está enfrentando com seus processos atuais, especialmente com a litografia SF3 (3 nm). Essa situação coloca em risco a posição da Samsung Foundry em um mercado onde suas concorrentes estão avançando rapidamente.
Atualmente, o nodo SF3, que é o processo mais avançado em produção da Samsung, tem enfrentado dificuldades significativas em termos de desempenho. Isso levou a empresa a fechar linhas de produção menos utilizadas nos processos de 5 nm e 7 nm, o que indica uma preocupante incapacidade de atender à demanda e atrair clientes importantes. Em contraste, a TSMC mantém uma impressionante fatia de mercado de 67,1%, enquanto a Samsung Foundry caiu para apenas 8,2%. Além disso, a Intel Foundry Services (IFS) está surgindo como uma alternativa viável para grandes clientes, o que pode representar mais um golpe para a gigante sul-coreana.
Empresas como NVIDIA e Broadcom já enviaram chips de teste para a IFS utilizando a litografia Intel 18A, e a AMD também considera utilizar a fundição da Intel frente à saturação da TSMC. Se essas tendências se consolidarem, a Samsung poderá ficar ainda mais para trás na corrida por nodos avançados.
Outro aspecto preocupante é a posição da Samsung na fabricação de chips de alto desempenho para dispositivos móveis. Embora possua sua própria tecnologia de semicondutores, a empresa ainda depende fortemente da Qualcomm para os processadores de seus smartphones premium, ao invés de investir em seus próprios SoCs. O próximo processador topo de linha da Samsung, o Exynos 2600, foi projetado para a litografia SF2, um nodo que, até o momento, não conseguiu atrair clientes de destaque fora do mercado chinês.
Com as sanções dos Estados Unidos, muitas empresas chinesas têm optado pela tecnologia da Samsung Foundry, mas essa não é uma estratégia sustentável a longo prazo. Diante desse cenário, especulações indicam que a Samsung pode considerar uma reestruturação interna para priorizar a melhoria do desempenho de seus processos existentes, em vez de continuar o desenvolvimento de nodos menores como o SF1.4.
Embora tal abordagem possa levar a uma eficiência melhorada a curto prazo, também pode colocar a Samsung em desvantagem competitiva, especialmente em um mercado que valoriza a miniaturização para aumentar eficiência energética e capacidade de processamento.
Se a Samsung Foundry desistir do nodo SF1.4, enfrentará um atraso significativo na corrida pela miniaturização, beneficiando diretamente Intel e TSMC. Enquanto a Intel avança com sua tecnologia 18A e a TSMC se consolida como a líder na fabricação de semicondutores avançados, a Samsung deverá tomar decisões estratégicas cruciais nos próximos meses para definir seu futuro no setor. O desafio será recuperar a credibilidade e a confiança dos clientes ou, ao contrário, continuar perdendo participação de mercado para concorrentes mais agressivos.