O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, anunciou um aumento alarmante de 46% no número de crianças em tratamento para desnutrição aguda grave em cinco estados de Darfur, Sudão, durante os primeiros cinco meses de 2024. A análise, que comparou dados com o mesmo período do ano anterior, revelou que, em Darfur do Norte, 40 mil crianças foram internadas, refletindo o dobro de internações na comparação anual. Em nove das treze localidades avaliadas, as taxas de desnutrição aguda excederam os limites de emergência estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na localidade de Yasin, em Darfur Oriental, a situação é particularmente crítica, com uma taxa global de desnutrição aguda atingindo 28%. Este dado inclui tanto casos de desnutrição severa quanto moderada. O Unicef emitiu um alerta de que, se essa taxa ultrapassar 30%, haverá a confirmação de uma das três categorias críticas que delimitam a fome.
Os especialistas do Unicef descreveram a situação como uma “catástrofe crescente” para as crianças, caso medidas urgentes não sejam adotadas. Registros de fome estão se multiplicando em diversas áreas do Sudão. O representante do Unicef para o Sudão, Sheldon Yett, destacou que as crianças estão morrendo devido à fome provocada pelo conflito, ao mesmo tempo em que são privadas de assistência humanitária vital.
Yett enfatizou que, mesmo antes do início da temporada de escassez, os números são alarmantes e devem agravar-se sem uma resposta humanitária rápida. Ele classificou o momento atual como crucial, onde “a vida das crianças depende da decisão do mundo de agir ou ignorar a situação”.
De acordo com dados das Nações Unidas, desde abril de 2023, aproximadamente 780 mil pessoas foram deslocadas da cidade de El Fasher e das áreas circunvizinhas, com quase meio milhão apenas nos meses de abril e maio deste ano. A região tem enfrentado condições de fome confirmadas desde agosto do ano passado.
Além disso, um surto de cólera que afetou mais de 32 mil pessoas este ano exacerba ainda mais a crise, com a interrupção de serviços essenciais de água e saneamento, somando-se à baixa cobertura vacinal e aumentando a vulnerabilidade da população a diversas doenças.
Origem: Nações Unidas