Um novo relatório conjunto de três agências das Nações Unidas destaca a grave situação atual no Sudão, onde a instabilidade e os conflitos armados têm impactos devastadores sobre a segurança alimentar da população. Segundo a análise da Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC), as cidades de Al Fasher e Kadugli enfrentam condições de fome extrema, colocando milhões de pessoas em risco de morte.
Desenvolvido pela FAO, WFP e Unicef, o relatório confirma a ocorrência de fome nas regiões de Al Fasher, no Norte do Darfur, e Kadugli, no Sul do Kordofan. As evidências são alarmantes, com pelo menos 375 mil pessoas vivendo em situação de “catástrofe” (IPC Fase 5) e 6,3 milhões em “Emergência” (IPC Fase 4). A fome é uma realidade, exacerbada por restrições à ajuda humanitária e a escalada dos conflitos, que impedem a entrada de suprimentos vitais.
Além da fome, surtos de cólera, malária e sarampo estão se espalhando rapidamente, colocando crianças em risco elevado. A desnutrição aguda já alcança taxas alarmantes, variando entre 38% e 75% em Al Fasher. Lucia Elmi, do Unicef, enfatizou a premente necessidade de acesso humanitário, alertando que “é uma questão de vida ou morte” para milhões de crianças.
Apesar desse cenário sombrio, algumas áreas do Sudão experimentam uma leve recuperação, principalmente em Cartum, onde as tensões diminuíram e os mercados começam a reabrir. Contudo, o impacto total da crise ainda é incerto e as melhorias são frágeis. Ross Smith, do WFP, destacou que “milhões permanecem inatingíveis” devido ao conflito e à falta de acesso de ajuda.
O relatório finaliza com um chamado à comunidade internacional para a cessação imediata das hostilidades e a garantia de ajuda humanitária, reiterando que sem um cessar-fogo duradouro, o Sudão continuará a ser o epicentro da insegurança alimentar global, enfrentando uma realidade desoladora até que a paz seja alcançada.
Origem: Nações Unidas






