Os serviços de prevenção e tratamento do HIV/Aids enfrentam uma crise global alarmante devido a cortes abruptos de financiamento realizados este ano, conforme revelou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, o Unaids. A agência estima que, se os serviços financiados pelos Estados Unidos falharem completamente, cerca de 6 milhões de novas infecções e 4 milhões de mortes adicionais podem ocorrer entre 2025 e 2029.
Um relatório recente, intitulado “Aids, Crise e o Poder de Transformar”, apresentado na quinta-feira, detalha como a escassez de recursos impactou os sistemas de saúde. Em Moçambique, por exemplo, mais de 30 mil profissionais da saúde tiveram seus empregos afetados. O país está entre aqueles que têm alta dependência do Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da Aids, conhecido como Pepfar. A falta de apoio do governo dos EUA pode resultar em uma interrupção imediata dos serviços essenciais.
Além disso, muitos países enfrentam dificuldades para reter financiamento em um cenário de aumento das dívidas e crescimento econômico lento. Angola, por exemplo, gasta desproporcionalmente mais com a dívida pública do que com investimentos em saúde.
Por outro lado, algumas nações, inclusive o Brasil, mostraram um aumento nos orçamentos domésticos para o combate ao HIV/Aids. O Brasil se destaca por financiar totalmente a compra de medicamentos antirretrovirais com recursos próprios, e o relatório menciona que a incidência da doença é 41% menor entre aqueles que recebem auxílio do Programa Bolsa Família.
A diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima, descreveu a situação como uma “bomba-relógio”, enfatizando que os cortes não apenas expõem uma lacuna de financiamento, mas resultam em um colapso imediato de serviços essenciais. Apesar disso, a introdução de novas ferramentas de prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição, oferece uma luz no fim do túnel, embora o acesso a esses medicamentos permaneça restrito devido aos altos custos.
Byanyima acredita que, embora a situação seja crítica, ainda existe a oportunidade de transformar esta crise em um impulso para ações mais efetivas, destacando a necessidade de solidariedade global para apoiar os esforços locais.
Origem: Nações Unidas