A pedido da Venezuela, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu de forma urgente na última terça-feira para discutir o aumento das operações militares dos Estados Unidos no sul do Caribe. O secretário-geral assistente da ONU para Assuntos Políticos, Khaled Khiari, alertou sobre o crescimento das tensões na região, destacando que essas operações se intensificaram desde o último encontro do Conselho, em 10 de outubro.
Khiari sublinhou a disponibilidade do secretário-geral António Guterres para facilitar o diálogo entre as partes envolvidas, ressaltando que a comunicação é essencial para evitar uma maior instabilidade na região. O governo dos EUA justificou suas ações no Caribe como parte de uma luta contra o narcotráfico, invocando o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas. O presidente norte-americano, Donald Trump, reafirmou o compromisso de erradicar os cartéis de drogas, sem se importar com sua localização.
Por outro lado, a Venezuela refutou essa narrativa, considerando as medidas americanas uma séria ameaça à paz internacional. Em comunicações ao Conselho, o governo venezuelano acusou os EUA de desrespeitar sua soberania e integridade territorial.
Khiari também informou que os EUA têm realizado ataques a embarcações suspeitas de tráfico no Caribe, com pelo menos 105 mortes registradas nas operações desde setembro. Esses incidentes levantaram preocupações sobre a conformidade com o direito internacional, uma vez que o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos já havia declarado que a luta contra o narcotráfico deve ser abordada como uma questão de policiamento, e não com força letal.
A situação se intensificou após os EUA designarem o chamado Cartel dos Sóis como uma organização terrorista estrangeira e imporem novas sanções à indústria petrolífera da Venezuela. As autoridades venezuelanas denunciam essa ação como um bloqueio naval e aéreo, levando suas forças navais a escoltar petroleiros de seus portos.
Khiari observou que, apesar de alguns países apoiarem as medidas dos EUA, outros expressaram preocupações sobre a crescente militarização do Caribe e a necessidade de respeitar a soberania dos Estados. Vários estados pediram a redução das tensões e a promoção de um diálogo construtivo.
O embaixador dos EUA, por sua vez, desacreditou a legitimidade de Nicolás Maduro, alegando que ele se manteria no poder através de eleições fraudulentas e que o governo usa recursos petrolíferos para financiar atividades ilícitas. Ele defendeu a continuidade e a rigorosa aplicação das sanções, advertindo que sem essas medidas, haveria uma perda de eficácia nas respostas aos desafios da região.
Em resposta, o embaixador da Venezuela, Samuel Moncada, denunciou os EUA por um “crime de agressão” e indicou que ações recentes seriam uma tentativa de conquista e colonização. Moncada fez um apelo ao Conselho de Segurança para que condenasse essas ações, exigisse a retirada das forças norte-americanas e, caso as hostilidades persistissem, destacou que a Venezuela exerceria seu direito à legítima defesa.
Origem: Nações Unidas






