A Missão Internacional Independente da ONU sobre Apuração de Fatos para o Sudão expressou preocupações profundas acerca do agravamento da guerra civil no país, que está causando um impacto devastador sobre a população civil. Durante uma apresentação no Conselho de Direitos Humanos em Genebra, os especialistas notaram um aumento no uso de armamentos pesados em áreas densamente povoadas, além do crescimento alarmante da violência sexual e de gênero.
Mohamed Chande Othman, presidente da missão, enfatizou que “a dimensão do sofrimento humano continua a se aprofundar” e que o conflito não mostra sinais de conclusão. A missão identificou um quadro preocupante em que a ajuda humanitária está sendo utilizada como uma ferramenta de guerra, com o cerceamento de acesso a hospitais e outras instalações médicas.
Recentes ataques nas proximidades de El Fasher resultaram na morte de mais de 100 civis, e em outras localidades como Al Koma, bombardeios ocasionaram a morte de pelo menos 15 pessoas. Os relatos indicam que em áreas sob controle das Forças Revolucionárias do Sudão, apoiadores de direitos humanos e profissionais de saúde estão enfrentando prisões arbitrárias, torturas e até execuções.
Além disso, as restrições burocráticas impostas pelo Exército, combinadas com saques por parte das Forças Revolucionárias, resultaram em uma grave crise alimentar, especialmente em Darfur. Estes bloqueios dificultam o fornecimento de ajuda humanitária, exacerbando ainda mais a situação da população vulnerável. Em um ataque recente, cinco funcionários da ONU foram mortos enquanto tentavam entregar ajuda em Al Koma.
A missiva ressalta a crescente violência sexual contra mulheres e meninas, incluindo casos de estupro coletivo e escravidão sexual, principalmente em campos de deslocados. Othman fez um apelo aos países para que cumpram suas obrigações legais e implementem o embargo de armas estabelecido pela Resolução 1556 do Conselho de Segurança da ONU, enquanto solicitou uma ação imediata para garantir o respeito ao direito internacional humanitário.
Origem: Nações Unidas