Relatório do Google Threat Intelligence Group Revela Aumento do Cibercrime e sua Conexão com Atores Estatais
O cibercrime se consolidou como uma das principais ameaças à segurança nacional, estabilidade econômica e soberania digital dos países. De acordo com o mais recente relatório do Google Threat Intelligence Group (GTIG), os ataques cibernéticos motivados por fins econômicos superaram os patrocinados por Estados na razão de quase 4 para 1 em 2024. Apesar de sua gravidade e abrangência, o cibercrime ainda recebe menos atenção das autoridades de segurança nacional em comparação com as ameaças estatais tradicionais.
Atualmente, formas de cibercrime como ransomware, roubo de dados e exploração de vulnerabilidades críticas têm como alvo infraestruturas essenciais, incluindo hospitais, bancos, empresas de tecnologia e agências governamentais, provocando interrupções nos serviços e prejuízos financeiros significativos. O relatório também destaca o aumento da colaboração entre grupos criminosos e governos, utilizando o cibercrime como uma ferramenta de guerra híbrida e financiamento de regimes autoritários.
O informe aponta que os grupos de cibercrime passaram a desempenhar um papel crucial em conflitos globais, sendo utilizados por Estados para obter informação estratégica, influenciar a opinião pública e desestabilizar economias rivais. Casos alarmantes incluem a utilização de hackers por parte da Rússia na guerra contra a Ucrânia, focando em ataques de espionagem e desinformação, e o uso do cibercrime pela China para roubo de propriedade intelectual e espionagem.
Particularmente preocupante é a vulnerabilidade do setor de saúde, que se tornou um alvo preferencial para cibercriminosos. Em 2024, cerca de 30% dos ataques de ransomware foram direcionados a hospitais, colocando em risco não apenas informações sensíveis, mas também vidas. O relatório destaca incidentes recentes que resultaram em interrupções sérias nos serviços médicos.
O impacto econômico do cibercrime é desenfreado, podendo gerar crises em nível nacional e internacional. Exemplos como o ataque de ransomware em Costa Rica em 2022 e o ataque Colonial Pipeline nos EUA em 2021 demonstram a escala das consequências. O crescimento do número de sites de vazamento de dados também é alarmante, dobrando desde 2022 e representando um risco significativo para a competitividade empresarial e segurança nacional.
Por fim, o relatório conclui que os governos precisam reformular suas estratégias para tratar o cibercrime como uma crise de segurança nacional, recomendando investimentos em cibersegurança, fortalecimento da cooperação internacional e imposição de sanções a grupos que patrocinam atividades criminosas. O cibercrime deixou de ser um problema restrito ao setor financeiro, tornando-se uma ameaça global com implicações diretas na segurança, economia e geopolítica. A resposta deve ser rápida, coordenada e multidimensional, a fim de evitar que os ataques cibernéticos se tornem ferramentas de desestabilização ainda mais perigosas.