Há 25 anos, uma carta das Nações Unidas transformou a trajetória de Catarina Furtado, que foi convidada por Kofi Annan a se tornar embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (Unfpa). Durante entrevista à ONU News, ela relembrou a alegria e o medo que sentiu ao abrir a correspondência. Desde então, Furtado visitou 18 países, onde se deparou com a realidade de desigualdades que afetam sobretudo mulheres e meninas.
Em sua primeira missão, a embaixadora atuou em Moçambique, ajudando a estabelecer um cibercafé juvenil, um projeto que buscava informar a população sobre a Sida (Aids). Catarina também destacou a força das mulheres que conheceu pelo caminho, chamando-as de “as maiores heroínas de sempre”, que, mesmo diante de graves violações, continuam a lutar pela dignidade e segurança.
Ao longo desses anos, Furtado testemunhou avanços na saúde materna e na redução da mortalidade infantil, mas expressou preocupação com os retrocessos atuais, como o aumento da mortalidade materna e da gravidez na adolescência. Em sua análise, a embaixadora criticou a despriorização dos direitos das mulheres em meio a discursos populistas, que buscam desviar investimentos para segurança militar em vez de garantir a segurança feminina.
Catarina Furtado também trouxe à tona a luta contra a mutilação genital feminina, destacando seu papel em pressionar pela mudança das leis na Guiné-Bissau. Ela expressou orgulho pelos resultados obtidos, com comunidades começando a rejeitar essa prática nociva.
Em Portugal, fundou a associação Corações Com Coroa, que apoia mulheres e meninas, oferecendo bolsas de estudo e lidando com questões de pobreza menstrual e violência. Furtado reflete sobre sua experiência, revelando que as histórias pessoais que ouviu ao longo de sua missão, como a de uma mulher em São Tomé que lhe pediu para não esquecer dela, permanecem gravadas em sua memória, reafirmando seu compromisso com as mulheres vulneráveis em todo o mundo.
Origem: Nações Unidas

