A Cadence Design Systems reconhece culpabilidade em tribunal por violar leis de controle de exportação
A empresa norte-americana Cadence Design Systems, uma das mais influentes no setor de automação de design eletrônico, admitiu sua culpabilidade em tribunal federal por violar leis de controle de exportações. A companhia aceitou ter vendido software de design de chips para a Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa (NUDT) da China, uma instituição associada ao desenvolvimento de armamentos nucleares, incluindo simulações de explosões nucleares.
A NUDT, localizada na província de Hunan, faz parte da Entity List do Departamento de Comércio dos EUA desde 2015, a qual proíbe a exportação de tecnologia sem uma licença especial. No entanto, entre 2015 e 2020, tanto a Cadence quanto sua filial na China realizaram pelo menos 56 entregas de software EDA a uma organização conhecida como CSCC (Central South CAD Center), um nome alternativo utilizado pela NUDT para contornar as sanções. Documentos judiciais indicam que empregados da Cadence China estavam cientes do uso desses nomes.
Além disso, a empresa também vendeu seus produtos à Phytium Technology, uma empresa chinesa de semicondutores com laços estreitos com a NUDT, sem solicitar as licenças necessárias ao governo dos EUA.
Após se declarar culpada de conspiração para violar as regulamentações de controle de exportação, a Cadence deverá pagar 140 milhões de dólares em penalidades, incluindo multas penais e civis. A empresa ficará sob probation por três anos, o que limitará severamente suas operações com entidades estrangeiras sancionadas. Novas infrações poderão resultar em penalidades ainda mais severas, incluindo a proibição total de exportar produtos sensíveis.
Esse caso representa a maior infração pública admitida por uma grande empresa tecnológica americana em relação ao regime de sanções de Washington contra a China, podendo estabelecer um precedente para futuras ações regulatórias. Paralelamente, outras empresas, como a NVIDIA, estão sendo investigadas por contrabando em massa de GPUs proibidas, inundando o mercado negro chinês apesar das restrições impostas pela administração dos EUA.
O endurecimento do controle sobre as exportações tecnológicas para a China faz parte de uma estratégia mais ampla para conter a capacidade militar e a inteligência artificial do país asiático, que os EUA consideram uma ameaça crescente à segurança nacional. A pressão se estendeu a aliados chave na Ásia, como Singapura e Malásia, instando-os a colaborar no fechamento das rotas de contrabando.
Entretanto, a alta demanda chinesa por tecnologia avançada e os altos lucros do mercado negro dificultam a erradicação do comércio ilegal.
Embora os EUA tenham recentemente levantado a proibição geral sobre a exportação de ferramentas EDA, essa flexibilização não se aplica a entidades na lista negra, como a NUDT. Assim, qualquer empresa que desejar negociar com essas instituições deve continuar solicitando licenças específicas.
A multa imposta à Cadence envia uma mensagem clara para o setor: as consequências de ignorar os controles estratégicos podem ser extremamente custosas, tanto economicamente quanto em termos de reputação. Em um contexto global de crescente tensão tecnológica e geopolítica, empresas de design eletrônico e semicondutores encaram agora um ambiente muito mais delicado e regulado.