Um novo relatório das Nações Unidas aponta que Cabo Verde enfrenta tanto oportunidades quanto desafios na expansão de suas exportações por meio de uma economia azul sustentável. O documento recomenda intervenções políticas estratégicas que fortaleçam o Ecossistema Empreendedor da Economia Azul, aumentem a resiliência do país e aproveitem as oportunidades de integração regional via a Zona de Comércio Livre Continental Africana.
A economia oceânica do arquipélago é vista como inexplorada, especialmente em setores de alto valor, como produtos de pesca de valor acrescentado e serviços marítimos. Há um potencial significativo para o desenvolvimento de serviços de logística e transporte, posicionando Cabo Verde como um possível centro regional para o comércio marítimo.
Além disso, o relatório menciona a riqueza de recursos solares e eólicos que poderia viabilizar um setor de produção e exportação de energias renováveis. O país já se destacou em energia solar e foi incentivado a realizar um estudo sobre a viabilidade da produção de hidrogênio verde. A exportação de energia renovável para outros países africanos se apresenta como uma opção promissora, especialmente com o aumento da demanda por energia sustentável.
Outro recurso que poderia ser explorado é a água dessalinizada, a qual poderia ser enviada para nações africanas que enfrentam escassez. Contudo, Cabo Verde lida com os desafios de um ecossistema frágil e os riscos crescentes das mudanças climáticas, o que levanta questões sobre como manter o avanço social sem ultrapassar os limites ecológicos das ilhas.
A economia do país é caracterizada por um mercado interno limitado e um déficit comercial persistente, o que aumenta a importância da expansão das exportações para o crescimento econômico. As dificuldades são ampliadas pelas cadeias globais de suprimento ainda impactadas pela pandemia de Covid-19, pela guerra na Ucrânia e por tensões geopolíticas.
O relatório da Unctad também destaca os obstáculos enfrentados pelas pequenas e médias empresas em seus esforços para impulsionar as exportações. Apesar da forte dependência do turismo e da pesca, especialmente do atum, há um potencial de crescimento significativo para as exportações através de cadeias de valor regionais. A proposta da Unctad se concentra em investir nos recursos marinhos de forma responsável, buscando equilibrar a proteção ambiental com uma maior integração comercial no continente.
Origem: Nações Unidas