A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) alertou sobre a crescente crise humanitária no norte de Moçambique, onde a violência tem forçado mais de 25 mil pessoas a deixar suas casas nas últimas semanas. Com a capacidade de assistência humanitária atingida ao limite, trabalhadores do setor afirmam que a situação se torna ainda mais crítica devido ao corte de verbas.
Cabo Delgado, a província mais afetada, é rica em recursos naturais, como gás e pedras preciosas, o que a torna alvo de interesses de empresas multinacionais, mas também de grupos armados que atacam civis e geram um clima de terror. Desastres naturais, incluindo ciclones e secas, somados ao conflito, já deslocaram cerca de 1,3 milhão de moçambicanos.
Na província de Niassa, que até então conseguia limitar o deslocamento, mais 2 mil pessoas chegaram em busca de abrigo desde março. Organizações humanitárias enfrentam uma pressão crescente, agravada por uma redução nas verbas de assistência, enquanto o país se recupera de recentes protestos e instabilidades pós-eleitorais.
O ciclone Jude, que atingiu Nampula em março, foi o terceiro em apenas três meses, comprometendo ainda mais a já frágil situação. Enquanto muitos retornaram voluntariamente após os tumultos, cerca de 5,2 milhões de moçambicanos continuam a necessitar de assistência. O Acnur, preocupado com as necessidades de proteção e apoio a sobreviventes de violência, ainda aguarda 68% dos fundos necessários para suas operações.
Além disso, Moçambique abriga aproximadamente 25 mil refugiados e requerentes de asilo, principalmente da República Democrática do Congo, em um cenário complicado por uma crise econômica que levou à alta de preços de alimentos entre 10% e 20%, enquanto a renda da população caiu drasticamente.
Origem: Nações Unidas