O Banco Mundial divulgou um relatório que revela fragilidades significativas na cadeia de abastecimento alimentar da África, destacando como esses problemas contribuem para a inflação nos preços dos alimentos e perdidas pós-colheita. As agruras enfrentadas pelo continente são potencializadas por choques climáticos e conflitos, que desestabilizam ainda mais o abastecimento global.
A análise ressalta a importância do transporte para enfrentar os desafios da segurança alimentar. Apenas quatro produtos alimentícios representam 45% da ingestão calórica no continente, muitos deles importados de regiões como Europa e Ásia do Sul. Contudo, a conectividade de transportes é precária, com custos elevados e serviços portuários ineficientes, resultando em longas cadeias de abastecimento que comprometem a entrega efetiva de alimentos.
Atualmente, os portos africanos são responsáveis por apenas 14% de todos os alimentos importados e vendidos, com números mais alarmantes em países sem litoral, onde essa quantia sobe para 22%. As importações anuais de trigo, arroz e milho chegam a 125 milhões de toneladas, mas uma significativa proporção desses produtos não alcança seu destino.
Adicionalmente, a infraestrutura deficiente e a falta de equipamentos para o manejo de produtos agrícolas tornam os portos o primeiro obstáculo à segurança alimentar no continente. Propostas de melhorias focam na infraestrutura, logística e regulamentação em portos que movimentam aproximadamente 78 bilhões de quilocalorias por ano na África.
Além disso, especialistas advogam que sistemas de transporte eficientes são cruciais para garantir a disponibilidade de alimentos a preços acessíveis. Atualmente, os alimentos percorrem em média 4 mil km em 23 dias, um tempo significativamente maior do que o verificado na Europa, o que potencializa as chances de perdas e deterioração durante o transporte.
A falta de infraestrutura de armazenamento agrava a situação, com estimativas indicando que um grande percentual de cereais, arroz, milho e até frutas e legumes acaba sendo desperdiçado. Entre 2010 e 2022, a quantidade de alimentos perdidos anualmente subiu de 22,5 milhões para 33,8 milhões de toneladas, o que equivale a 30% das importações desses produtos. O armazenamento adequado poderia reduzir perdas e garantir uma oferta consistente, mitigando a insegurança alimentar que afeta milhões de africanos.
Origem: Nações Unidas