A baixa participação política dos emigrantes em Portugal tem sido apontada como um entrave à sua integração social e um fator que favorece discursos populistas anti-imigração. Com base na análise divulgada pelo “Flash” n.º 2 de 2025 da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), a situação dos estrangeiros residentes no país é, no entanto, favorável, uma vez que após cinco anos de residência têm a possibilidade de se naturalizar e acessar a direitos políticos quase equivalentes aos cidadãos nativos.
Óscar Afonso, diretor da FEP, enfatiza a importância da participação dos imigrantes na vida política e sugere que os partidos políticos devem incentivar o recrutamento e promover o recenseamento. “Isso fortaleceria a democracia e a integração dos imigrantes, ao mesmo tempo em que reduz o espaço para o populismo e fomenta um desenvolvimento econômico sustentável”, acrescenta. Ele ainda salienta que a inclusão de políticos estrangeiros poderia resultar em políticas mais eficazes para a integração de imigrantes.
Em 2023, mais de um milhão de estrangeiros residiam em Portugal, oriundos de 185 nacionalidades diferentes. Contudo, apenas uma pequena fração, 34.165, estava recenseada no final de 2024, demonstrando a necessidade de um maior esforço para incentivar o envolvimento político destas comunidades. A análise revela que a aquisição da nacionalidade se dá majoritariamente por naturalização, mas a saída dos naturalizados para o exterior aponta para desafios na retenção e integração de imigrantes, o que pode comprometer o potencial político e econômico do país.
Apesar do direito quase pleno de participação política, a adesão dos imigrantes aos partidos políticos em Portugal é muito limitada. Se os partidos colocassem mais foco na inclusão de imigrantes, poderia haver um aumento significativo da representação, com cerca de 23 deputados de origem estrangeira sendo eleitos. No entanto, a cultura de fraco envolvimento político tanto entre nativos quanto entre imigrantes sublinha a carência de estratégias eficazes para promover uma participação política mais robusta, especialmente entre aqueles que vivem fora de seu país de origem.
Origem: Universidade do Porto