A multinacional holandesa ASML, líder em equipamentos de litografia para a indústria de semicondutores, lançou um novo projeto na China com o objetivo de identificar e formar futuros talentos nesta área crucial para a fabricação de chips. A iniciativa foi divulgada por meio de sua conta oficial no WeChat e inclui um concurso científico online programado para ocorrer entre o final de junho e o início de julho.
O certame, que consiste em 20 perguntas, é voltado tanto para profissionais da indústria de semicondutores quanto para entusiastas da ciência interessados na tecnologia de litografia, que é um processo fundamental para gravar circuitos em wafers de silício.
De acordo com a ASML, os 16 participantes que obtiverem as melhores pontuações terão a oportunidade de ser entrevistados para uma vaga na empresa, enquanto outros 75 serão inseridos em uma lista de talentos para futuras oportunidades de emprego. “Queremos criar uma janela para que os participantes aprofundem seus conhecimentos em litografia e, assim, contribuir para o desenvolvimento contínuo da Lei de Moore”, declarou a companhia em seu comunicado oficial.
Este movimento ressalta a determinação da ASML em manter sua presença e investimento na China, mesmo diante das crescentes restrições impostas pelos Estados Unidos e seus aliados, como Países Baixos e Japão, em relação ao acesso da China a tecnologias avançadas de fabricação de chips. Em 2024, a China continental superou pela primeira vez Taiwan como o maior mercado regional da ASML, representando 36,1% de sua receita global, segundo dados oficiais.
Para reforçar sua presença no país, a ASML inaugurou recentemente um novo centro de reparação maior em Pequim, que substituirá o anterior para atender ao aumento de máquinas instaladas na região. A empresa precisa de técnicos qualificados para o centro, e o concurso pode ser uma estratégia para recrutar pessoal especializado.
Simultaneamente, diversas instituições e empresas chinesas, como Huawei e o Instituto de Óptica, Mecânica Fina e Física de Changchun (filial da Academia de Ciências da China), estão intensificando seus esforços para desenvolver sistemas de litografia próprios, oferecendo remunerações sem limites a pesquisadores com doutorado para unir-se a seus projetos, na tentativa de reduzir a dependência de tecnologia estrangeira.
Entretanto, a ASML advertiu que suas vendas na China podem cair em 2025 devido à conclusão de pedidos pendentes e ao endurecimento das restrições de exportação, impactando diretamente as ferramentas mais avançadas.
A litografia tornou-se um dos campos mais estratégicos do século XXI, essencial para a soberania tecnológica e a competição geopolítica. Com esta iniciativa, a ASML busca não apenas novos funcionários, mas também manter sua relevância em um mercado cada vez mais complexo, onde o acesso ao talento e à tecnologia é tão decisivo quanto o próprio silício.