Arm Holdings busca competir en el mercado de chips con fichajes clave
A corrida pelo domínio da inteligência artificial não se limita apenas a gigantes consolidadas como NVIDIA, Intel ou AMD. Agora, a Arm Holdings deu um passo decisivo para entrar de cheio no desenvolvimento de chips próprios, contratando Rami Sinno, ex-diretor de processadores de inteligência artificial da Amazon, responsável por projetos importantes como Trainium e Inferentia.
A notícia, adiantada pela Reuters, confirma rumores que circulavam há meses sobre as intenções da Arm de ir além de seu modelo tradicional de negócios — centrado em licenciar arquiteturas e instruções a terceiros, como Apple, NVIDIA ou Qualcomm — para competir diretamente no mercado de CPUs e soluções completas.
De fornecedor de IP a concorrente direto
Até agora, o papel da Arm era claro: projetar e licenciar propriedade intelectual que outros fabricantes materializavam em processadores. O movimento para o desenvolvimento de chips completos representa uma mudança radical em sua estratégia e a coloca em uma posição delicada em relação a alguns de seus principais clientes.
A aposta pode gerar tensões com empresas que dependem da arquitetura Arm para seus produtos, como a própria NVIDIA, cuja participação em centros de dados com arquiteturas Arm já supera os 50%.
Fichagens estratégicas e visão de longo prazo
A chegada de Sinno não é um caso isolado. Nos últimos anos, a Arm tem reforçado suas equipes com especialistas reconhecidos em sistemas e semiconductores: Nicolas Dube, ex-executivo da HPE especializado em design de sistemas em larga escala, e Steve Halter, engenheiro com trajetória em Intel e Qualcomm, fazem parte desse esforço.
A visão, segundo declarações do CEO da Arm, Rene Haas, é explorar soluções completas, incluindo chiplets e integrações em nível de sistema. Embora o executivo não tenha fornecido datas ou detalhes de produtos, a mudança indica claramente um movimento para reduzir a dependência do negócio de licenças, sua principal fonte de renda até agora.
Concorrência feroz no centro de dados
Se a Arm efetivamente entrar na produção de processadores, enfrentará um ambiente altamente competitivo. Intel e AMD dominam há décadas o mercado de CPUs para servidores, enquanto a NVIDIA lidera em processadores e aceleradores de IA.
Nesse contexto, o recrutamento de Sinno pode ser decisivo: sob sua liderança, a Amazon desenvolveu chips projetados especificamente para cargas de trabalho de IA em larga escala, uma experiência que se alinha perfeitamente aos planos da Arm para o segmento de centros de dados.
O respaldo da SoftBank e os riscos envolvidos
A Arm não está sozinha nesse projeto. Seu acionista majoritário, o SoftBank Group, é conhecido por assumir grandes apostas tecnológicas, mesmo que de alto risco. Com o suporte financeiro necessário e a crescente adoção de sua arquitetura, a Arm pode tentar replicar no mundo dos chips de IA e CPUs de alto desempenho o sucesso que já desfruta em dispositivos móveis e sistemas embarcados.
No entanto, essa transição não está isenta de riscos: a mudança de um fornecedor neutro de IP para concorrente direto pode gerar desconfiança entre clientes estratégicos, e a execução técnica será fundamental em um mercado onde a janela de inovação é cada vez mais estreita.