Apple e NVIDIA Avaliam Novo Processo Intel Para a Indústria de Semicondutores
Em meio a um cenário incerto para a Intel e seu setor de fabricação de semicondutores, começam a surgir indícios de que Apple e NVIDIA estão considerando seriamente a adoção do processo Intel 14A. Este novo nó de última geração pode representar um ponto de inflexão tanto para a empresa de tecnologia quanto para a indústria como um todo.
De acordo com Jeff Pu, analista especializado no ecossistema da Apple, a empresa de Cupertino já está testando as primeiras versões do kit de design de processos (PDK) 14A da Intel. Informações similares indicam que a NVIDIA também estaria interessada em utilizar essa tecnologia em suas futuras GPUs de gama média ou baixa.
O processo Intel 14A, previsto para produção em 2028, incorpora transistores RibbonFET de segunda geração e um novo sistema de distribuição de energia, o PowerDirect. Esses avanços, construídos sobre os fundamentos do PowerVia introduzidos no nó 18A, foram projetados especificamente para aplicações de inteligência artificial e edge computing, prometendo ganhos em consumo, desempenho e eficiência de custos.
A Apple, que atualmente depende exclusivamente da TSMC para a fabricação de seus chips M1, M2 e M3, poderia considerar uma estratégia de múltiplos fornecedores, incluindo a Intel como uma fonte secundária. Em um contexto de tensões geopolíticas crescentes entre China, Taiwan e Estados Unidos, diversificar a cadeia de suprimentos com fábricas nos EUA, como as da Intel em Arizona, poderia oferecer maior resiliência a Apple.
Embora essa possibilidade ainda esteja em fase exploratória, o mero interesse da Apple pode significar um forte respaldo para a Intel, que precisa urgentemente assegurar clientes de volume para continuar apostando em suas tecnologias de ponta.
A NVIDIA, por sua vez, que domina atualmente o mercado de chips para inteligência artificial, também estaria considerando o uso do 14A, pelo menos inicialmente em produtos de consumo em massa, como placas gráficas. Com a demanda por GPUs atingindo níveis recordes e uma forte dependência da TSMC, diversificar a produção se tornou uma prioridade estratégica para a empresa.
Recentemente, durante a apresentação dos resultados do segundo trimestre de 2025, o novo CEO da Intel, Lip-Bu Tan, foi enfático ao afirmar que, sem um cliente importante para o nó 14A, a empresa poderia abandonar completamente a fabricação de semicondutores avançados. “Desenvolveremos o nó 14A em colaboração com clientes externos estratégicos, mas nossa investimento estará condicionado a compromissos comerciais firmes”, garantiu Tan.
Atualmente, a TSMC domina o mercado de nós avançados, detendo mais de 60% da fatia do mercado global de fundição. As suas relações com grandes nomes como Apple, NVIDIA, AMD e Qualcomm têm sido fundamentais na revolução dos chips personalizados. No entanto, o domínio taiwanês também traz riscos, como limitações de capacidade e preços elevados. A entrada da Intel como concorrente viável poderia, assim, introduzir competitividade e aliviar a pressão sobre os clientes.
Contudo, para conquistar a confiança de gigantes como Apple, a Intel terá de demonstrar não apenas inovação, mas também execução impecável e cumprimento de prazos.
O interesse de Apple e NVIDIA no processo Intel 14A pode reconfigurar o panorama da indústria de semicondutores. Para a Intel, essa pode ser sua última oportunidade real de manter suas operações de fundição em funcionamento, enquanto para Apple e NVIDIA, abrir novas rotas de produção poderia se transformar em uma estratégia de segurança vital. A corrida em direção aos nós de 1,4 nm não é somente uma questão de engenharia, mas sim uma batalha por soberania tecnológica, resiliência industrial e equilíbrio de poder em uma era dominada pela inteligência artificial.