Em um cenário alarmante, um novo relatório da ONU prevê que, nos próximos cinco anos, 351 milhões de mulheres e meninas poderão viver em extrema pobreza, caso as tendências atuais persisitam. Esta projeção vem do documento intitulado “Progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: O Panorama de Gênero 2025,” que ressalta as dificuldades em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 5, dedicado à igualdade de gênero e à autonomia das mulheres e meninas até 2030.
O relatório, elaborado pela ONU Mulheres em parceria com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, fornece dados essenciais sobre as desigualdades de gênero, evidenciando que, no último ano, 64 milhões mais de mulheres estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave em comparação aos homens. A diretora da Divisão de Políticas da ONU Mulheres, Sarah Hendriks, enfatizou as conexões entre segurança alimentar e pobreza durante declarações na ONU News, em Nova Iorque.
A estagnação em questões de representação política também é preocupante, com apenas 27% dos parlamentares globalmente sendo mulheres. O relatório alerta que a inação, falta de investimento e políticas negligentes estão dificultando o progresso nas metas globais de igualdade. Contudo, um investimento mais robusto em eliminar a exclusão digital de gênero poderia beneficiar 343,5 milhões de mulheres e meninas, levantando a expectativa de tirar 30 milhões de mulheres da pobreza até 2050 e gerar um ganho econômico significativo.
Particularidades dos países de língua portuguesa também foram abordadas. No Brasil, 54,8% das mulheres em idade reprodutiva alcançam um nível mínimo de diversidade alimentar, enquanto em Moçambique esse número é de 20,8%. O relatório destaca ainda a discrepância no desempenho escolar entre meninos e meninas, especialmente em matemática.
Além disso, o estudo observa que, apesar das conquistas obtidas nas últimas três décadas desde a adoção da Plataforma de Ação de Pequim, ações urgentes são necessárias, como o investimento em inclusão digital e no combate à pobreza, para assegurar que a igualdade de gênero deixe de ser uma aspiração distante e se torne uma realidade tangível. A igualdade de gênero é apresentada não como uma ideologia, mas como uma questão crucial para a paz, o desenvolvimento e os direitos humanos.
Origem: Nações Unidas