O alto comissário do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, fez uma atualização alarmante sobre a situação na Venezuela durante uma apresentação em Genebra nesta terça-feira. Segundo Turk, a situação é caracterizada por um severo estreitamento do espaço cívico e um aumento da repressão estatal, além de graves violações de direitos humanos que continuam a ser uma realidade diária para os venezuelanos.
Ele destacou que, nos meses de setembro e novembro, o governo adotou leis que ampliam seus poderes de emergência, justificadas sob a alegação de ameaças externas. No entanto, essas leis não foram divulgadas, dificultando a avaliação de sua conformidade com as normas do direito internacional. A militarização crescente da vida pública é uma preocupação crescente, com relatos de alistamento coercitivo na milícia bolivariana, envolvendo até adolescentes e idosos.
O alto comissário também citou um ambiente de medo, exacerbado por incentivos oficiais que incentivam a população a denunciar amigos e familiares por meio de uma aplicação estatal. Este contexto resulta em autocensura e temores generalizados entre os cidadãos.
Além disso, a apresentação de Turk incluiu informações sobre a continuidade de detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados, frequentemente baseados em leis vagamente formuladas. As condições de detenção foram descritas como desumanas, com faltas graves de alimentos, medicamentos e restrições severas para visitas familiares. Turk documentou pelo menos cinco mortes de detidos relacionados às próximas eleições presidenciais e destacou a urgência de investigações independentes sobre tais casos.
A crise humanitária se agrava paralelamente à repressão; a população enfrenta uma grave insegurança alimentar e um aumento assustador na pobreza. A inflação projetada de 270% para 2025 e o valor do salário mínimo inadequado em relação ao custo de vida forçam muitas famílias a escolher entre alimentação e medicamentos. O alto comissário também alertou sobre os efeitos devastadores das sanções e os obstáculos enfrentados por organizações humanitárias que trabalham na região, enfatizando a necessidade urgente de ação da comunidade internacional.
Origem: Nações Unidas






