O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) expressou preocupação com a situação crítica no Sudão do Sul, que continua a se deteriorar, mesmo com pouca atenção da comunidade internacional. Durante uma coletiva de imprensa em Genebra, Florence Gillette, chefe da delegação do CICV no país, destacou que o Sudão do Sul enfrenta, atualmente, múltiplas crises. A primeira delas é o impacto do conflito no Sudão vizinho, que forçou mais de 1,2 milhão de pessoas a buscar refúgio em território sul-sudanês. Além disso, a escalada de confrontos internos, combinada com a fragilidade dos serviços de saúde e a diminuição da ajuda humanitária, agrava a crise humanitária.
Gillette enfatizou que, apesar do acordo de paz assinado em 2018, as hostilidades entre as forças governamentais do Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM) e as forças opositora do SPLM-IO aumentaram nos últimos meses, atingindo sete estados do país. O uso crescente de ataques aéreos e outras táticas militares tem causado um número alarmante de vítimas civis, além de deslocar cerca de meio milhão de pessoas em 2024. Desde janeiro, o CICV tratou quase mil feridos graves e realizou mais de 25 mil cirurgias.
O sistema de saúde no Sudão do Sul enfrenta uma “redução drástica”, com muitas unidades de saúde fechadas e recursos básicos, como medicamentos, escassos. Comunidades deslocadas, muitas vezes em áreas remotas, carecem de acesso a água e serviços médicos essenciais. A falta de financiamento levou as organizações humanitárias a tomar decisões difíceis sobre como alocar os recursos disponíveis, enquanto os desafios logísticos e de segurança continuam a dificultar as operações no terreno.
O influxo de mais de 1,2 milhão de refugiados do Sudão aumentou ainda mais a pressão sobre os já limitados recursos. Muitos desses refugiados chegaram ao Sudão do Sul em condições precárias, necessitando de assistência urgente, incluindo apoio para pessoas com deficiência. A insegurança alimentar é uma preocupação crescente, com cerca de 57% da população em situação de alta insegurança alimentar, e prognósticos indicando que a situação pode se agravar nos próximos meses.
Gillette alertou sobre os impactos potenciais de novos cortes no financiamento humanitário, especialmente dentro do sistema das Nações Unidas, que podem comprometer a proteção de civis e a resposta a violações enquanto o conflito se intensifica em áreas críticas. A comunidade internacional é chamada a prestar mais atenção e apoio a essa crise em desenvolvimento.
Origem: Nações Unidas





