Cúpula entre Mohamed bin Zayed e Donald Trump marca início de campus de inteligência artificial em Abu Dabi
Em um evento histórico realizado no Qasr Al Watan, o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, e o ex-presidente dos EUA, Donald J. Trump, anunciaram oficialmente a primeira fase do novo megacampus de inteligência artificial (IA) de 5 gigawatts (GW) que será construído em Abu Dabi. Este projeto representa um marco nas relações bilaterais e estabelece as bases para a maior infraestrutura de IA fora dos Estados Unidos.
O projeto ocupará mais de 25 quilômetros quadrados no emirado, sendo liderado pelo conglomerado emiratense G42 em parceria com empresas tecnológicas americanas. O campus terá centros de dados de alto desempenho, permitindo que empresas de hiperescaladores e grandes corporações dos EUA ofereçam serviços na região com baixa latência, alcançando quase metade da população mundial em um raio de 3.200 quilômetros.
A iniciativa é respaldada pelo “Acordo de Aceleração de IA EUA-EAU”, um novo marco de cooperação assinado entre os governos dos dois países, visando estimular o desenvolvimento conjunto em IA, semicondutores avançados e tecnologias críticas. A instalação, que será alimentada por energia nuclear, solar e gás, foi projetada com foco na sustentabilidade e incluirá um parque científico para promover a inovação em IA.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard W. Lutnick, destacou o acordo como uma “parceria histórica em IA no Oriente Médio”, ressaltando sua importância estratégica para a indústria tecnológica e os interesses geopolíticos dos Estados Unidos. "As empresas americanas operarão os centros de dados nos EAU, garantindo a soberania e segurança do stack tecnológico americano", afirmou Lutnick.
Um dos pilares dessa aliança é a implementação de rigorosos protocolos de segurança. Estados Unidos e Emirados concordaram em fortalecer o controle de acesso aos recursos computacionais com medidas KYC (Know Your Customer) mais rigorosas. O acesso será restrito a hiperescaladores americanos e fornecedores de nuvem autorizados, assegurando que as capacidades avançadas não sejam desviadas para usos não autorizados.
Sheikh Tahnoon bin Zayed Al Nahyan, presidente do Conselho de Inteligência Artificial e Tecnologia Avançada dos Emirados, enfatizou que “o acordo reflete o compromisso dos EAU com inovação responsável e colaboração global”, posicionando o país como um ator central na transformação tecnológica internacional.
Essa ambiciosa iniciativa se insere na estratégia nacional de IA dos Emirados, lançada em 2017, com a qual o país busca se tornar uma referência global no uso de inteligência artificial em setores críticos, como saúde, educação, energia e transporte. Com a criação do primeiro Ministério Federal de IA do mundo e da Universidade Mohamed bin Zayed de Inteligência Artificial, os EAU consolidaram uma visão de longo prazo que já se traduz em investimentos significativos e liderança regional.
O novo campus de IA que surgirá em Abu Dabi está posicionado como um nó central de computação para o Sul Global, permitindo que países emergentes acessem capacidades de IA em um ambiente tecnológico controlado e politicamente alinhado com Washington.
Em um mundo onde a corrida tecnológica é cada vez mais acirrada, esse acordo fortalece a estratégia dos EUA para garantir sua liderança em IA por meio de alianças cruciais, enquanto os Emirados aceleram seu papel como um elo tecnológico entre Ocidente e Oriente.