As democracias em diversos países africanos enfrentam um desafio significativo: a exclusão econômica de milhões de jovens, que representam mais de 75% da população do continente. Essa análise foi feita pela conselheira especial da ONU para a África, Cristina Duarte, que destacou a estreita relação entre a marginalização da juventude, a instabilidade política e os conflitos que afligem várias nações africanas.
Em uma entrevista à ONU News, Duarte enfatizou que a precariedade do emprego e a escassez de oportunidades são fatores que alimentam a insatisfação entre os jovens com idades entre 15 e 35 anos. Com a taxa de emprego informal ultrapassando 85% nessa faixa etária, a realidade para muitos é um trabalho instável que não permite a sustentação de famílias ou o acesso à educação para os filhos.
A alta funcionária da ONU ressaltou que a raiz do problema reside na fragilidade institucional dos Estados africanos, que, após 60 anos de independência, ainda não conseguiram se consolidar adequadamente. Isso resulta em grandes grupos socioculturais sendo sistematicamente prejudicados. Segundo ela, é necessário criar 18 milhões de novas vagas de emprego anualmente para atender à demanda, enquanto a criação efetiva tem ficado entre 3 a 5 milhões, deixando um saldo alarmante de 15 milhões de jovens anualmente indo para a informalidade.
Duarte também trouxe à tona a importância de um entendimento mais amplo do setor privado, que deve incluir não apenas grandes empresas, mas também o potencial de jovens empreendedores. A criação de um ecossistema que favoreça a educação em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática é vista como crucial para capacitar esses jovens a se tornarem agentes de mudança.
A conselheira defende que se o Estado não facilitar essas condições, estará, na verdade, condenando os jovens à marginalização e, consequentemente, levando a uma instabilidade em toda a nação. Além disso, a entrevista abordou outros temas relevantes, como justiça reparatória e instabilidade política, que também afetam a África de maneiras multidimensionais.
Origem: Nações Unidas





