Índia Luta para se Tornar Potência em Semicondutores: Desafios e Oportunidades pela Frente
A Índia tem sonhado por anos em se tornar uma potência global na indústria de semicondutores. Dependendo fortemente de importações para sustentar suas indústrias tecnológicas, o país lançou em 2021 a Missão de Semicondutores da Índia (ISM), com o objetivo de atrair investimentos, erguer fábricas e reduzir essa vulnerabilidade estratégica. Um dos projetos mais promissores é a planta de fabricação de chips da Tata Electronics em Dholera, Gujarat, em parceria com a taiwanesa Powerchip Semiconductor Manufacturing Corporation (PSMC).
Com a meta inicial de iniciar a produção em 2026, o cronograma agora foi adiado para meados de 2027, e especialistas alertam que novos atrasos são possíveis. O principal motivo para essa mudança de planos é a crise global referente a terras raras e minerais críticos, essenciais para a produção de semicondutores.
Com um investimento estimado em 11 bilhões de dólares, o projeto de Tata Electronics envolve a construção de uma sala limpa de última geração e a instalação de maquinário especializado. Apesar do progresso acelerado nas obras desde seu anúncio em fevereiro de 2024, a empresa enfrenta riscos significativos relacionados ao fornecimento de materiais críticos, como neodímio, disprósio e molibdênio, cuja cadeia de fornecimento é dominada pela China.
Para o governo indiano, este empreendimento não representa apenas um movimento industrial, mas uma aposta na soberania tecnológica do país. A Índia busca reduzir sua dependência de importações de chips de Taiwan, Coreia do Sul e Estados Unidos, que somam bilhões de dólares por ano e são cruciais para setores como automação elétrica, defesa e telecomunicações.
A falta de acesso garantido a esses materiais pode transformar os planos de Tata em um gigante com pés de barro. O governo indiano lançou uma Missão de Minerais Críticos, com um orçamento de aproximadamente 165 milhões de euros, para diversificar os fornecedores e desenvolver reservas locais, evitando depender exclusivamente da China.
Com uma combinação de iniciativas locais e parcerias internacionais, a Tata busca assegurar o know-how necessário para a produção em larga escala. No entanto, a dependência de fornecedores de equipamentos especializados e materiais críticos continua a ser uma preocupação. Empresas como TSMC e Samsung dominam mais de 70% do mercado de chips avançados, tornando a competição ainda mais desafiadora.
Embora a Índia esteja determinada a se afirmar no mercado de semicondutores, o sucesso deste projeto é crucial não apenas para a Tata, mas para a credibilidade do país como emergente nesse setor. O futuro da fabricação de semicondutores indianos poderá depender de fatores geopolíticos e da capacidade de garantir um fornecimento estável de materiais essenciais. As próximas etapas serão decisivas para transformar esse sonho em realidade.